sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os bancos do Grupo Escolar

Sou de um tempo em que escola particular era a forma encontrada pelos pais para dar continuidade ao estudo dos filhos que não se saíam bem na escola pública. Um tempo em que o ensino gratuito superava em muito aquilo que era oferecido onde se pagava para estudar.

Lembro bem de meus anos nos bancos escolares. Um tempo importante e que foi a base do pouco que sei.

Antes de completar sete anos, quando eu ainda era um menino magricela de orelhas grandes, rumei todo imponente em meu uniforme para o Grupo Escolar Dr. Júlio Mesquita. Apesar de não saber o que iria encontrar pela frente, tinha certeza de que iria gostar.

Aprendi a escrever e a ler pelas mãos e a sabedoria de dona Ismaelina Proença Pinto. Uma senhora que era tudo que um aluno de primeiro poderia querer, tamanha bondade e paciência.

Nos anos seguintes, já craque nas contas e na leitura, o aprimoramento veio com as professoras Genny Piva Zázera, Gilmery Vasconcellos Pereira Ulbricht e Ivone Pegorari Vieira. Todas também importantes para minha formação escolar.

Lembro como se fosse hoje daqueles tempos que ficaram lá atrás. Um tempo em que o aluno tinha que estudar de fato para tirar nota se quisesse passar de ano e não ser rotulado de repetente.

E como dava orgulho poder colocar uma listra azul a mais no bolso da camisa. Poder responder que havia passado de ano e cumprido com o dever de bom aluno.

Ainda hoje, quando passo defronte ao prédio secular da escola ou entro para exercer o direito do voto posso sentir o clima daqueles quatro anos que marcaram minha infância. E como tenho saudade daquele tempo.

Parece que ouço o burburinho do recreio ou a voz grave das professoras se empenhando em passar aos alunos a lição do dia. É como se estivesse ali, sentando na carteira, com minha camisa extremamente branca e meu short azul marinho.

Meu pensamento voa e me transporta para a fila formada no galpão do recreio para a entrada para as classes. Ainda posso ouvir o hino nacional ou da Independência ou mesmo o hino à Bandeira, que eram entoados antes da entrada.

E tudo era feito dentro do mais profundo respeito, tanto ao símbolo nacional como à professora que nos conduzia. Não havia algazarra ou bagunça.

Se pudesse voltar no tempo certamente não perderia a oportunidade de voltar àquela escola e ler minha cartilha Caminho Suave. Subiria correndo o escadão da ladeira São João para chegar logo ao grupo escolar.

Iria ouvir atentamente os ensinamentos de minhas professoras para angariar um pouco mais de saber. Recitaria novamente a poesia sobre o descobrimento do Brasil e me sentaria nos bancos do recreio para saborear o lanche preparado por minha mãe para o intervalo.

Nenhum comentário:

A quarta série ginasial

Faz tempo que isso não ocorre, mas um tempo atrás eu vivia sonhando que estava nas dependências da escola onde cursei o ginasial e também ...