Na segunda metade da década de 80
o Carnaval de Itapira era tido como um dos melhores da região. Suas escolas de
samba disputavam, ponto a ponto, as notas dos jurados e o título de campeã.
Essa
disputa, nem sempre saudável, fazia com que a cidade se transformasse no centro
das atenções. Afinal, além de grandes atrações dos desfiles, os clubes lotavam
com os bailes carnavalescos. Centrão e Santa Fé recebiam grandes lotações e
quem morava fora vinha para os bailes, para desfilar nas escolas ou
simplesmente assistir aos desfiles.
Era o
tempo da Unidos da Nove de Julho, Imperatriz da Santa Cruz, Acadêmicos da Vila
Ilze, Mocidade Alegre da Vila Boa Esperança, Mocidade Unida da Vila Bazani e outras
menos votadas. Aliadas aos blocos dos Bichos e Nheco, levavam multidões às
arquibancadas da praça Bernardino de Campos.
Eu, como
repórter do jornal Cidade de Itapira e da Rádio Clube, me via envolvido com
toda a festa, pois integrava a equipe do jornal que ia às ruas para cobrir os
desfiles e participava das transmissões da Clube. Adilson Ravetta, Gordo
Moraes, Fifo, Bujija, Neguinho, Claudio Maria, Paulinho Manha, Mano Colferai e
tantos outros nomes eram as estrelas maiores desse espetáculo que culminava com
a apuração na noite de quarta-feira de Cinzas, na Casa da Cultura João
Torrecillas Filho.
Um tempo
de Carnaval que marcou época e que não volta mais. Hoje os tempos são outros.
Outros nomes, outras escolas, outras cabeças e pensamentos, outros interesses.
Tentar
reeditar antigos Carnavais é pura perda de tempo. É um tempo que já passou e não
tem como trazê-lo de volta.
Seria o mesmo que querer escalar
a Vermelhinha com Luizinho Pasté, Nelsinho, Almir, Toninho Bellini, Mineiro,
Tuia, Flávio Boretti, Dado e outros craques do passado.
Hoje, a
realidade do Carnaval itapirense é essa que vemos a cada ano. Com raríssimas
exceções, é tudo feito de última hora e na base do ‘apoio cultural’ da
administração municipal. Ou seja, se não tem dinheiro do poder público, não tem
desfile.
Essa
realidade precisa mudar e de forma urgente. Mas não é tentando resgatar o que
foi bom, mas já passou. O jeito é seguir adiante, buscar novas atrações, novas
fórmulas, como algumas cidades, que preferem o famoso trio elétrico e o povão
atrás, pulando e se divertindo.
É uma
fórmula viável, que merece ser pensada. Além de agradar quem gosta de diversão,
irá suprir a falta dos bailes carnavalescos, atrairá novamente os itapirenses
que residem em outras localidades, incrementará a vinda de turistas, dará um
novo tom ao Carnaval de rua e muito menos custo e dores de cabeça aos
organizadores. Basta uma boa dose de segurança.