Houve
um tempo em que futebol se ouvia no radinho de pilha. Vozes como Haroldo Fernandes, Alfredo Orlando e Fiori Gigliotti, e algum depois, José Silvério e Osmar Santos, ditavam o ritmo e a emoção de cada partida.
Eu
vivi esse tempo, que me traz muita saudade e dor no coração quando constato que
ele não volta mais. Um tempo que apenas povoa nossas lembranças e aperta o
peito.
Um
tempo em que música boa se ouvia na rádio Mundial, do Rio de Janeiro, à noite, e Excelsior, de São Paulo, durante o
dia. Isso porque a propagação das ondas médias nos traz emissoras de longe
quando o sol se vai e esconde as mais próximas.
Esse
tempo é o mesmo em que ir ao velho Chico Vieira nas tardes de domingo era o
programa indispensável para quem queria um bom divertimento. Sentar no alto do
barranco que havia na ponta-esquerda de quem ataca para o gol dos fundos, bem
ali onde ficava o Bar da Wilma, era o lazer das tardes de domingo. Não
importava quem iria jogar, se era amador ou profissional, o bom era estar ali,
viver aqueles momentos.
Ver
jogos do Vila Ilze, Bom Jesus, Paulista, Usina, Vila Izaura, Bela Vista ou
mesmo o profissional com o Itapira AC, era bem melhor dali, daquele local,
cercado por amigos verdadeiros.
Um
tempo que a noite do domingo era reservada para a discoteca do Centrão. Tenho
guardada na mente a imagem do Ronalde Soares, do Bolão e do Di Canguru na ponta
do balcão do bar, as músicas verdadeiras de discoteca e o ambiente sadio e
saudável.
Sou
desse tempo. Um tempo em que ter um som no carro era equipar o mesmo com um
tape TKR ou Road Star, que eram o que havia de melhor. Muito diferente de hoje,
tempos em que quem equipa o carro coloca o som do lado de fora e sai pelas ruas
com o volume aos berros, evidenciando o mau gosto musical do proprietário do
veículo.
Às
vezes, quando o sono vai embora e os olhos secam, me pego divagando por esse
tempo, que marcou a vida de quem teve o privilégio de vivê-lo, e que me traz
nostalgia, saudade e prazer, principalmente prazer de ter vivenciado tudo isso.
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