sábado, 13 de janeiro de 2018

Um urubu na minha vida

Trilhar os caminhos dessa vida fica mais suave quando temos pessoas que marcam nossa caminhada. Parece que a alegria que exalam deixa mais leve nossas passadas.
Comigo não foi diferente, muitos amigos foram fundamentais para que cada obstáculo fosse transposto com mais facilidade. Em cada fase da vida sempre tive uma mão amiga estendida em minha direção.
E um desses amigos guardo até hoje no meu baú de memórias, em um lugar especial e reservado para pessoas especiais. E dele guardo muitas lembranças boas.
Mauro Gomes Ferreira, que eu chamava de Urubu por causa de sua pele queimada de sol, foi um desses amigos que podemos classificar como verdadeiros. Se eu o chamava de Urubu, em contrapartida, pela minha dificuldade de enxergar de longe, ele me chamava de Corujinha.
No início da década de 80 tive o privilégio de trabalhar como recenseador na contagem dos habitantes feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Como havia passado em primeiro lugar na prova, pude escolher o bairro que iria atuar.
Escolhi a Vila Bazani, por ser um bairro que eu gostava e por ser populosa, oferecendo assim um ganho maior. Como também havia passado na prova, o Mauro ficou com aquela parte alta da Vila Ilze, que outrora era conhecida como Risca Faca.
Fizemos um acordo para efetuar o serviço com mais tranquilidade e, assim, durante a semana o Mauro subia para a Vila Bazani para me auxiliar e, nos finais de semana lá eu rumava pro Risca pra dar uma mão pra ele.
Lembro que quando passava das quatro da tarde e eu estava no interior de alguma residência do meu setor, ouvia o assobio característico dele, avisando que estava na área. Como era professor de Educação Física, era preciso cumprir sua carga de aulas para só depois iniciar o trabalho no censo.
Mauro era de casa e eu também frequentava a casa dele, sempre bem recebido pela Zezé, sua esposa, e pelos filhos Luciana e Rafael. Lembro que muitas vezes saíamos para levar os dois pequenos passearem e, enquanto ele levava a Luciana nos ombros, eu fazia o mesmo com o Rafael.
Aos sábados pela manhã era comum a gente se encontrar na loja Bi Esportes, do Bi Sartorato, e dali, muitas vezes, descíamos até a casa do Bi, no bairro do Cubatão para um churrasco. E era sempre o Mauro o responsável pela churrasqueira.
Maurinho foi embora em janeiro de 2012 e eu não tive coragem de ir dar um último adeus àquele amigo. Preferi guardar na memória seu jeito alegre, brincalhão e diferenciado.

Um dia, quando chegar minha hora de embarcar no trem para o desconhecido, quando lá chegar, com certeza o Urubu estará lá me esperando para dar as boas vindas.

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