Faz tempo que isso não ocorre, mas um tempo atrás eu
vivia sonhando que estava nas dependências da escola onde cursei o ginasial e
também o colegial. Sonhava que estava no IEEESO, isso mesmo, no IEEESO e não no
ESO de hoje.
Em meus sonhos a escola era sempre do jeito que a
frequentei, sem as mudanças feitas para atender os padrões atuais ou para
conter o ‘ânimo’ dos alunos de hoje. Naquele tempo, nos anos 70, tudo era mais
romântico, todos respeitavam a escola como ela devia ser respeitada, assim como
os professores e demais funcionários, fossem diretores ou simples faxineiros.
A cada sonho lá estava o extenso saguão destinado ao
recreio com os banheiros, a sala de trabalhos manuais do professor José
Silveira na ponta, a sala do professor Barretto de frente para a quadra de
cima, o gramado, o portão de acesso ao campo de futebol, à quadra de baixo e à
pista de atletismo. Era ali que meninos e meninas se encontravam, pois naquele
tempo as classes eram separadas.
De todos os sete anos que frequentei aquele lugar mágico
o melhor deles foi quando cursei a quarta série ginasial. Talvez por estar
naquela idade de transição, em que achamos que já sabemos tudo sobre o mundo ao
nosso redor.
Lembro bem que eram duas salas abrigando alunos da quarta
série, ambas no pequeno corredor que dava entrada para a biblioteca. A nossa
sala era a da direita de quem entrava no corredor, com as janelas para a rua ao
lado da escola.
As aulas eram no período da tarde e as de Educação Física
às seis da madrugada. Quando era inverno o frio era de ‘rachar mamona’ como era
costume dizer.
Eu sentava na primeira carteira na fileira perto da
porta. Atrás de mim vinham Rudyard Trani, Plininho Cremasco, Kilão Galdi,
Alexandre Caio e, mais atrás o Sérgio Venturini.
Lembro de muita gente daquela sala, alguns que já até
partiram para o andar de cima, como o Gildo Piardi, o Paulo de Tarso
Nascimento, o Paulo Marin e o Antonio Carlos Amâncio, que no início do ano
tinha uma voz fina, mas que quando voltou da férias assustou todo mundo quando
abriu a boca e sua voz tinha um tom grave. Era a chamada mudança da
adolescência, quando a voz muda, assim como muitas outras coisas.
Eu era um bom aluno, sempre tirava boas notas, mas a sala
tinha outros ‘bambas’ como o José Roberto Pretel Pereira Job, o Luís Paulo
Souza Ferreira, o Maurinho Xavier, o Sávio Pegorari, o Juca Serra, o Dindão
Serra, o Paulo Eduardo Sartori e o Chico Antonio Azevedo. E tinha os que eram
respeitados pelos demais por serem mais velhos, como o Cláudio Nascimento, o
Miltinho Piardi, o Ipê Ferreira Alves, o Carlão Nogueira, entre outros.
Guardo boas recordações daquela época e bons ensinamentos
também. Tínhamos professores de ponta como Clibas Ribeiro Paiva, Sirtes
Valdissera, Marlene Barizon, Ninfa Bosso, entre outros, e só não aprendia quem
não queria.
Foi um tempo muito bom da adolescência. De aprendizado,
mas de diversão também.
Sempre que posso fecho os olhos e volto no tempo. Me vejo
sentado na primeira carteira da primeira fileira e visualizo até mesmo cada um
dos demais nos lugares em que se sentavam.
Mas, como tudo na vida, aquele tempo acabou no final do
ano. Quando conclui a quarta série meu pai decidiu que eu iria estudar no
período noturno e tudo mudou.
O tempo pode passar, mas não apaga as boas lembranças
como o apagador, implacável, tira do quadro negro a matéria antes que possamos
copiá-la. E as boas amizades que aquele tempo mágico proporcionou também
permanecem intactas, sem que o tempo possa diluir.
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