Em um tempo de parcos recursos técnicos e nenhum
tecnológico, fazer jornal e rádio era mais que uma profissão. Era, antes de
tudo, uma arte e, além disso, tinha que estar no sangue da pessoa.
Diversas pessoas deram sua contribuição para que
periódicos sobrevivessem na segunda metade do século passado. Pessoas que
muitas vezes não apareciam na mídia, mas que tinham uma importância igual ou
maior do que aqueles que estavam sempre em evidência na sociedade.
Em meus tempos de infância, quando a veia jornalística
ainda não havia aflorado, eu gostava de ler os jornais da época com Cidade de
Itapira e Folha de Itapira. Lia avidamente as notícias sem saber que por trás
daquelas páginas muitas vezes carregadas de tinta da impressora havia um sem
número de pessoas que davam vida aos jornais.
Pessoas como Benedito Leite, Luiz Ziliotto, Arlindo
Bellini, José Peres, José Francisco Lanzoni, João Torrecillas Filho e Amaury
Martins, entre tantos que me fogem à memória, mas que também foram de grande
importância no contexto jornalístico local.
Lembro pouco dele, mas sempre soube que nesse meio
chamado de comunicação, uma figura se sobressaiu pela destreza com que manejava
o componidor ou componedor como se falava naqueles tempos, tipos, clichês e
outros apetrechos para dar vida às páginas do extinto Folha de Itapira. O
jornal, fundado em 08 de maio de 1952, teve nele, além de um eclético
funcionário, um diretor quando o mesmo passou das mãos de Luiz Ziliotto para o
mogimiriano Arthur Azevedo, que era o proprietário do A Comarca.
Quem conheceu Amaury Martins sabe o quanto ele foi
importante para a comunidade itapirense. Além de atuar na gráfica que produzia
o Folha de Itapira, enveredou também pelas ondas da Rádio Clube, atuando como
repórter esportivo ao lado de grandes nomes da época de ouro do rádio
itapirense. De seu amor pela tipografia e tudo que girava em torno dela, ao
lado do companheiro de trabalho no jornal, José Peres, fundou a Gráfica
Itapirense, que por muitos anos funcionou na José Bonifácio e posteriormente na
Francisco Glicério.
Foi assim que Amaury Martins fez sua vida e formou sua
família ao lado da esposa Maria do Carmo Lauri, com quem teve as filhas
Valéria, Patrícia, Cláudia e Cintia. Foi de sua magia com a arte de escrever,
compor e dar vida às palavras que saiu o sustento da família.
No futebol, outra de suas paixões, Amaury Martins passou
por clubes amadores da cidade, envergando as camisas de vários times, entre
eles a Sociedade Esportiva Itapirense. Era um tempo de glórias e craques como
Peretta, Lero, Cristovinho, Carlucha e tantos outros.
Amaury foi embora desse mundo ainda novo, aos 57 anos, em
03 de setembro de 93, mas deixou um legado de bons serviços prestados à cidade
e sua gente. Pessoas como Amaury Martins partem desse mundo, mas deixam suas
marcas indeléveis no coração daqueles que as conheceram e nunca se esqueceram.
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