sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Um homem além do seu tempo


Em um tempo de parcos recursos técnicos e nenhum tecnológico, fazer jornal e rádio era mais que uma profissão. Era, antes de tudo, uma arte e, além disso, tinha que estar no sangue da pessoa.
Diversas pessoas deram sua contribuição para que periódicos sobrevivessem na segunda metade do século passado. Pessoas que muitas vezes não apareciam na mídia, mas que tinham uma importância igual ou maior do que aqueles que estavam sempre em evidência na sociedade.
Em meus tempos de infância, quando a veia jornalística ainda não havia aflorado, eu gostava de ler os jornais da época com Cidade de Itapira e Folha de Itapira. Lia avidamente as notícias sem saber que por trás daquelas páginas muitas vezes carregadas de tinta da impressora havia um sem número de pessoas que davam vida aos jornais.
Pessoas como Benedito Leite, Luiz Ziliotto, Arlindo Bellini, José Peres, José Francisco Lanzoni, João Torrecillas Filho e Amaury Martins, entre tantos que me fogem à memória, mas que também foram de grande importância no contexto jornalístico local.
Lembro pouco dele, mas sempre soube que nesse meio chamado de comunicação, uma figura se sobressaiu pela destreza com que manejava o componidor ou componedor como se falava naqueles tempos, tipos, clichês e outros apetrechos para dar vida às páginas do extinto Folha de Itapira. O jornal, fundado em 08 de maio de 1952, teve nele, além de um eclético funcionário, um diretor quando o mesmo passou das mãos de Luiz Ziliotto para o mogimiriano Arthur Azevedo, que era o proprietário do A Comarca.
Quem conheceu Amaury Martins sabe o quanto ele foi importante para a comunidade itapirense. Além de atuar na gráfica que produzia o Folha de Itapira, enveredou também pelas ondas da Rádio Clube, atuando como repórter esportivo ao lado de grandes nomes da época de ouro do rádio itapirense. De seu amor pela tipografia e tudo que girava em torno dela, ao lado do companheiro de trabalho no jornal, José Peres, fundou a Gráfica Itapirense, que por muitos anos funcionou na José Bonifácio e posteriormente na Francisco Glicério.
Foi assim que Amaury Martins fez sua vida e formou sua família ao lado da esposa Maria do Carmo Lauri, com quem teve as filhas Valéria, Patrícia, Cláudia e Cintia. Foi de sua magia com a arte de escrever, compor e dar vida às palavras que saiu o sustento da família.
No futebol, outra de suas paixões, Amaury Martins passou por clubes amadores da cidade, envergando as camisas de vários times, entre eles a Sociedade Esportiva Itapirense. Era um tempo de glórias e craques como Peretta, Lero, Cristovinho, Carlucha e tantos outros.
Amaury foi embora desse mundo ainda novo, aos 57 anos, em 03 de setembro de 93, mas deixou um legado de bons serviços prestados à cidade e sua gente. Pessoas como Amaury Martins partem desse mundo, mas deixam suas marcas indeléveis no coração daqueles que as conheceram e nunca se esqueceram.

Nenhum comentário:

A quarta série ginasial

Faz tempo que isso não ocorre, mas um tempo atrás eu vivia sonhando que estava nas dependências da escola onde cursei o ginasial e também ...