Sou de um tempo em que ruas, bairros e vilarejos eram mais
conhecidos por apelidos que propriamente por seus nomes oficiais. Um tempo
romântico, em que as pessoas valorizavam muito mais as amizades.
Lembro bem de certos locais e ruas da
cidade que nem mesmo o nome correto eu sabia, mas que eram por mim conhecidos
pelo apelido. A José Bonifácio, rua principal da cidade, por exemplo, era mais
conhecida como rua da Estação, por ser a principal via de acesso à estação do
trem.
Quem iria pegar um trem na estação da
Mogiana, invariavelmente descia pela rua da Estação antes de virar tomar o
trecho que hoje leva o nome de Orestes Pucci, mas que ainda era uma parte da
Alfredo Pujol. Esse era o caminho natural para quem vinha do Cubatão, dos
Prados ou do Centro mesmo.
Lembro das inúmeras vezes que desci aquela
rua com meus pais para tomar um trem rumo a Martim Francisco, com destino a
fazenda São Miguel, de propriedade da família Cavenaghi, então administrada por
meu tio Osório, esposo de minha tia Jacira, irmã de minha mãe. Eu era um menino
magricela de orelhas grandes e ainda era de madrugada e a gente descendo a fria
José Bonifácio tentando alcançar minha avó Carmela, que há muito já havia saído
de casa, desembestada com medo de perder a Maria Fumaça.
A rua da Estação era apenas uma entre
tantas vias conhecidas pelo apelido. Assim como a rua do Pescador, alcunha dada
à rua Embaixador Pedro de Toledo, por ser o caminho natural com destino ao
ribeirão da Penha.
Ou a rua do Comércio, como era conhecida a
rua Francisco Glicério. Tinha também a rua do Amparo, como era chamada a rua da
Penha, por ser a saída para Amparo.
Era um tempo diferente, bem mais gostoso
que essa agitação toda de hoje. Um tempo em que podíamos brincar na rua sem
medo de ser atropelado ou assaltado.
Da janela do banheiro de casa eu
vislumbrava alguns lugares pitorescos como o Risca Faca, hoje a parte alta da
Vila Ilze, ou a Coloninha, ali no pé do escadão do Tenente Pintor. Sem contar o
Arranha Gato, que pra quem não sabe é aquela viela existente na avenida dos
Italianos, perto da casa da família Guiraldelli.
Na Francisco Glicério, depois da avenida
Rio Branco, tinha o Pito Aceso, que compreendia a rua Santos Dumont, a Romano
Mozzaquatro e as demais vias daquela região. Na Duque de Caxias tinha o
Cata-Osso, pouco antes de chegar ao local onde hoje está o Ginásio Itapirão.
Na Vila Bazani, nas proximidades do campo
que leva o nome do saudoso Jaú, tinha o Subaco Ardido. Sem contar o Morro do
Macumbê, como até hoje é conhecido o final da rua do Cubatão. Ou o Tola Cavalo,
apelido da rua Presidente Kennedy.
Nomes e apelidos que ficaram para trás no
tempo, esquecidos ou desconhecidos dos mais novos. Mas que permanecem na
memória de quem viveu aquele tempo romântico de Itapira e sua gente.
3 comentários:
Pois é Butti!
O tempo passou e por mais que façamos, não voltará.
Estou acompanhando o blog, e te dou os parabens.
Lembra dos doces do Labengalini, do tonho bacateiro, dos churros da
festa do treze.
E as professoras Dona Ditinha Papalardi, Maria Ines Trani,etc etc etc.
Sorvete de milho do DINI e tudo o mais
Grande abraço!
ola gosto muito de sua materia no jornal ,tb sou do seu tempo rssssss.as vzs mando minha filha pagar alguma conta na rua da esztaçao e ela fica olhando pra mim nao entendendo nada .....e o costumeee.
Obrigado pelos comentários, e se possível, assinem para que eu possa saber quem lê meus rabiscos. Abraços
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