Sou de um tempo em que pai e mãe eram o esteio de uma família. Um
tempo em que havia, antes de tudo, o respeito dos filhos pelos pais.
Lembro bem como meu pai e minha mãe sempre
deram tudo de si por seus três filhos. Talvez, naquele tempo, eu não tenha dado
o verdadeiro valor a tudo que ambos fizeram por nós, mas hoje, só depois que os
perdi sei o verdadeiro valor de cada gesto, cada palavra, cada atitude de cada
um deles.
Por que será que tem que ser assim? Por
que será que só damos valor a alguma coisa ou alguém quando perdemos? Será que
é tão difícil avaliarmos com o coração e com a razão ao mesmo tempo?
Meu pai e minha mãe sempre foram o esteio
de nossa família. E, apesar das divergências que nossa infância ou juventude
provocam, sempre tive consciência do valor de cada um deles.
Hoje, depois de ter sido contemplado com a
ação divina de ser pai depois dos 50, e, por circunstâncias que o destino nos
impõe, sei o quanto o quanto seria bom tê-los ao meu lado. Como seria bom que
estivessem por aqui para acompanhar o crescimento de minha pequena Mariane.
A cada brincadeira que ela me propõe
lembro do tempo em que eu ainda era um menino magricela de orelhas grandes. Um
tempo em que minha mãe era minha melhor companheira para as brincadeiras de
criança.
Assim como ela também foi a melhor companheira para minhas irmãs,
meus sobrinhos Duda e Camila e, mais tarde, para as minhas outras duas
sobrinhas, Manon e Luê.
Quando ouço o pedido de minha pequena para
o tradicional esconde-esconde, vejo minha mãe se escondendo atrás da porta ou
contando até dez para os netos se esconderem. E sinto um nó no peito por minha
mãe não estar mais aqui para brincar com ela também.
Quando lhe dou proteção vejo meu pai,
sempre presente nos momentos em que sua proteção de pai se fazia presente.
Claro que minha filha não percebe, mas meus olhos se enchem de lágrimas
simplesmente porque não posso lhe oferecer a companhia da avó nas brincadeiras
ou o carinho do avô nos momentos de medo.
E como isso dói no cerne do meu ser,
incapaz de reverter o destino. E aí entendo o porquê de ter sido escolhido por
Deus para ser pai pela primeira vez já na idade de ser avô.
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