Houve um tempo em que praticamente todas as paróquias da
cidade possuíam suas comunidades de jovens. Um tempo que os jovens e os nem tão
jovens assim dedicavam parte do tempo às coisas da igreja e às campanhas para
auxiliar os mais carentes.
Lembro que cada uma tinha sua sigla e arrebanhava os
jovens do bairro e das redondezas da paróquia. Uns, por laços de amizade com
integrantes de outras comunidades, acabavam integrando o movimento de igrejas
distantes de onde moravam, mas o que importava era a finalidade, a união em
torno das causas religiosas e de benemerência.
No início dos anos 80, quando era forte a participação da
juventude, havia a Jussabe (São Benedito), Jucrisp (Prados), Jucric (São
Judas), Cojuc (Menino Jesus de Praga) e Aleluia (Santo Antonio). Eu, a convite
da minha irmã Claudia, que já fazia parte da comunidade Aleluia, passei a
frequentar as reuniões e as campanhas da mesma.
A participação dos jovens era tão forte e representativa
que até uma competição esportiva, organizada pelo Departamento de Esportes,
envolvendo as comunidades e seus integrantes. E entre as modalidades esportivas
incluídas estava o futebol de campo.
A maior rivalidade era entre Aleluia e Jussabe. Por ser a
comunidade com maior volume de jovens e possuir bons jogadores, era o time a
ser batido e a disputa era sempre de sair faísca, embora no final a amizade
prevalecesse.
Nosso time não era uma maravilha da natureza, mas possuía
bons jogadores como o Paulinho Adorno, o Wande Felippe, o Van Pires de Camargo,
entre outros. Mas, o que mais corria, mais brigava e dava trabalho para os
adversários era um atacante chamado Juscelino Scaglia.
Ele era do tipo de jogador que não desanimava nunca, ía
em todas as bolas e dava trabalho para a defesa do adversário. Não que fosse um
craque, mas por sua impetuosidade, incomodava os marcadores.
Mais tarde, como funcionário da Caixa Federal, joguei
novamente com o Juscelino no time da agência local. Nosso time era enxertado
por alguns convidados e participava de torneios como o da AABB (Associação
Atlética Banco do Brasil).
No gol jogava o Pedro Godoy Bueno, que na época era subgerente;
a defesa tinha o Fernando Massarente, que ocupava a gerência e organizava tudo.
Eu jogava no ataque juntamente com o Juscelino.
Lembro que em 84 nosso time estava na final do torneio da
AABB e iria enfrentar o time da casa na manhã de um domingo. Mas a fatalidade
não permitiu que o jogo fosse disputado.
Nosso intrépido atacante, ao subir o viaduto Tiradentes
com sua moto para ir à missa, foi fechado por um veículo e acabou sofrendo um
grave acidente. O jogo nunca foi realizado e nosso time nunca mais voltou a
entrar em campo com seu uniforme preto e verde abacate, parecido com o do
América Mineiro.
Juscelino foi embora um tempo depois, mas seu jeito
nervoso de ser marcou nossas vidas. Deixou bons motivos para guardarmos ele
para sempre na memória e no coração e foi dar trabalho para as defesas
adversárias lá no andar de cima.
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