Fosse no teatro, na música, nas letras, na fotografia ou
na pintura e sempre havia um ou mais itapirenses se destacando. Alguns até em
mais de uma modalidade tal a facilidade com as artes.
Paulino Santiago foi um desses talentos natos. Mestre na
arte de fotografar deixou um legado de imagens de pessoas ou pontos da cidade.
Quando não estava atrás das lentes se debruçava em cima
de um script teatral e quando subia no palco seu talento aflorava na arte de
interpretar. Por suas mãos muitos artistas se formaram e deram continuidade ao
teatro itapirense ou aprenderam o manuseio de uma máquina fotográfica.
Vi diversos talentos em cima de um palco. Pessoas que
tinham ou têm no sangue a arte e a cultura. José Luiz Palandi, Luiz Martinho
Stringuetti e tantos outros nomes desfilaram talento em inúmeras peças
teatrais.
Na música, fosse cantando ou com um instrumento nas mãos,
o contingente é ainda maior. Lembro que na minha época de menino, nas tardes de
sábado eu atravessava a rua para ver e ouvir jovens daquela época como Kalau,
Cebola Zago e João Carlos, entre outros, que formavam um conjunto musical com o
Carlos Alberto Lupinacci, o X-9, e ensaiavam na sede da Banda Lira.
A leva de nomes da música local é muito grande e, claro,
a minha memória seria incapaz de lembrar todos eles, mas não dá para esquecer
de Beto Passarela, Luis Guinesi, Gustavo Giovelli, Bitenka, Fernando Riberti,
José Otávio Fernandes, Paulo Marin, Waldemar Razzo, Luis Antonio Paniçolo,
Carlos Moyses e tanta gente boa que daria para montar um grande coral.
São nomes que marcaram época, marcaram a minha época de
criança e adolescente e alguns até hoje continuam na ativa, como o Bitenka, por
exemplo. Um nome que muitas pessoas talvez nem conheça ou nunca ouviu falar por
causa da distância que o separa de sua terra.
Conheci o Bitenka na década de 80, quando tive uma
experiência incomum ao apresentar, junto com ele e o Tuia Pires de Souza o
programa Tempo de Férias, na Rádio Clube. Eram dois programas semanais, às
terças e quintas, sempre no horário noturno, mas que atraíam uma grande
audiência.
José Antonio Bittencourt, ou Bitenka, para quem não sabe,
venceu diversos festivais de música na época, formou com nomes famosos da
música local o conjunto Sol da Meia Noite e gravou algumas músicas antes de
tomar o rumo de Bauru.
Em outro segmento da música como o Carnaval outros nomes
se destacaram e deram sua contribuição à época de ouro do carnaval itapirense
como Paraná e Paulinho Manha. O primeiro como puxador da Acadêmicos da Vila
Ilze e o segundo como principal voz em escolas como Nove de Julho, por exemplo,
e mais tarde na Mocidade Alegre da Vila Boa Esperança.
Talvez, esse sangue artístico que rega as veias
itapirenses devesse ser mais aproveitado. Eventos como o Concerto da Banda
Lira, que vem reunindo nomes da música local em grandes espetáculos, deveriam
acontecer em mais oportunidades, dando oportunidade para talentos de todas as
épocas.
E isso poderia acontecer não apenas na música, mas no
teatro ou em qualquer outra atividade cultural. Seria uma grande oportunidade
para que músicos que tocaram juntos na juventude, por exemplo, pudessem se
juntar novamente para relembrar os bons tempos. Ou para que uma só peça teatral
pudesse reunir grandes nomes de ontem e de hoje em um só palco.
Talvez esse seja um sonho impossível, que apenas na
cabeça de um sonhador inveterado como eu possa tomar forma. Seria um momento
especial para cada um desses nomes conhecidos ou não, mas com um talento ímpar
na arte que escolheram.
Público, com certeza, não faltaria. Afinal, quem não
gostaria de ver em um mesmo palco tanta gente boa reunida?
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