Todos nós passamos por situações bizarras e muitas vezes
constrangedoras. Situações em que ficamos sem ação, indefesos ante o
inesperado.
Quando isso ocorre, fatalmente o rubor da vergonha
floresce na face, queremos enterrar a cabeça na terra tal qual uma avestruz.
Mas não há como negar que quando o inesperado atinge outra pessoa, o riso
também é inevitável por ver a situação que se formou em torno do fato.
Vivi um desses momentos hilários no final dos anos 90 e
que nunca mais saiu da minha memória. A cada conversa com o amigo jornalista
Paulo Rogerio Tenório aquela cena que presenciamos vem à tona e damos boas
risadas.
O cenário é a rodoviária de Mogi Mirim. Nós dois
trabalhávamos em Mogi e o retorno para Itapira se dava no último horário do
Expresso Cristália, por volta de 23h30.
E naquela noite, que tinha tudo para ser igual a tantas
outras, um fato inesperado ocorreu diante de nossos olhos. Algo tão inesperado
quanto bizarro.
Na plataforma, à espera do busão que ainda tinha muita
semelhança com uma melancia, embora já pertencesse ao Grupo Santa Cruz, Paulo e
eu conversávamos, obviamente sobre futebol. Além de nós, apenas um grupo formado
por quatro ou cinco moças, que também iriam voltar para a terrinha.
Quando o ônibus adentrou na rodoviária e estacionou na
plataforma, ficamos esperando os ocupantes que iriam descer em Mogi saírem para
depois entrarmos no busão. E foi naquele momento que tudo aconteceu de forma
rápida, mas inesquecível.
Entre os passageiros que desciam do ônibus estava um
senhor, que deveria ser vendedor, advogado ou algo parecido. Trajava camisa
branca, gravata e terno, além de carregar uma maleta tipo 007.
Como era noite e o mesmo, vencido pelo cansaço, devia ter
dormido na viagem e, para seu conforto tirado o paletó e desabotoado as calças.
Despertado pela parada do ônibus iniciou a descida sem perceber que o
inesperado estava mais próximo do que imaginava.
Ainda sonolento, iniciou a descida dos degraus do ônibus
para alcançar a plataforma. Em uma das mãos a maleta 007 e na outra o paletó
dobrado.
Quando pisou na plataforma a casa caiu, ou melhor, a
calça caiu. O pobre, sem ação, e sem ter como se prevenir, já que estava com as
duas mãos ocupadas, viu as calças arriadas e a cueca tipo samba-canção branca à
mostra.
Ficou ali por alguns segundos, inerte, até colocar a
maleta no chão e desajeitadamente recolocar as calças como se nada tivesse
acontecido. Foram apenas alguns segundos, mas que para aquele senhor de cabelos
grisalhos devem ter durado uma eternidade.
Eu e o Paulão nos entreolhamos ainda atônitos com a cena
bizarra e, em respeito aos cabelos brancos daquele senhor, seguramos o riso.
Mas, ao ver as moças quase sentadas no chão de tanto rirem, nos rendemos e
também caímos na risada.
O tempo passou, mas
aquela cena ficou guardada para sempre na memória. O inesperado aconteceu
diante de nossos olhos e, para dizer a verdade, ainda bem que foi com ele e não
comigo.
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