Ele era pequeno na estatura, mas era eclético e versátil,
como ele mesmo costumava falar quando elogiava alguém. E um de seus predicados
era conhecer profundamente a música brasileira, principalmente aquelas canções da
chamada velha guarda.
Conheci Luis Cestaro, o Gijo, quando o mesmo trabalhava
como fotógrafo junto com o irmão Orlando Cestaro, o Orlando Bóia. O estúdio
ficava na Campos Salles, no mesmo prédio que abrigava, em sua entrada principal
na José Bonifácio, a Casas Pernambucanas. Era ali que minha mãe nos levava para
tirar as fotos quando éramos crianças.
Gijo sempre teve uma paixão pela música. Fã incondicional
de Francisco Alves, chegava a se emocionar quando, em seu programa semanal na
Rádio Clube, atendia seus ouvintes e colocava uma das faixas dos discos de
vinil do cantor conhecido como Rei da Voz.
Apesar de sempre estar presente no dia a dia da emissora,
principalmente pela amizade com seu proprietário, Luiz Norberto da Fonseca, foi
na década de 80 que Gijo emplacou seu programa Encontro com a Saudade nas
noites de segunda-feira. Nele, a pedido das centenas de ouvintes, mandava para
o ar canções de Elizete Cardoso, Ataulfo Alves, Marlene, Nelson Gonlçalves e,
claro, Chico Alves, entre outros grandes nomes da era de ouro da música
nacional.
Gijo Cestaro, com seu jeito extrovertido, tinha carisma e
era querido por todos os que o conheciam. Da juventude trazia a grande amizade
com Hideraldo Luis Bellini, o capitão da Copa de 58, e sua família.
Lembro que seu programa noturno pela Clube era aguardado
pelos fãs das músicas do passado e o pedidos eram atendidos com o auxílio de
seu fiel escudeiro Jorge Luis Bonaldo, que atuava na técnica de som. E, quando
queria citar o amigo que dava sustentação à qualidade do programa sempre usava
o bordão – ‘o eclético e versátil Jorge Luis Bonaldo’.
Naquelas horas de música de boa qualidade, Gijo costumava
citar seus ouvintes. Mas, algumas vezes a memória do locutor falhava e lá
estava o Jorginho, do lado de fora do aquário, como costumamos falar na gíria do
rádio, para auxiliar.
Lembro de duas passagens hilárias que até hoje são relembradas
quando citamos aquele pequeno grande homem. Certa vez, ao agradecer a audiência
do então pastor da Igreja Presbiteriana, Osvaldo Chamorro, Gijo trocou as bolas
e mandou um abraço para o pastor Charroio.
E, em outra oportunidade, ao tentar homenagear um amigo
que estava na audiência, Gijo foi acometido de lapso de memória e não conseguia
lembrar o nome do cidadão. Aí, com o microfone aberto, iniciou a homenagem –
‘gostaria de mandar um abraço para o meu amigo, meu grande amigo, meu
inesquecível amigo...’ e o nome não vinha à memória, até que emendou – ‘como é
mesmo o nome dele Jorginho?’
Gijo Cestaro já partiu para o andar de cima, mas deixou
muitas recordações. Deixou boas e grandes amizades por aqui.
As noites de segunda-feira jamais foram as mesmas depois
que parou com o seu Encontro com a Saudade pelas ondas da Clube. Francisco
Alves, Ataulfo Alves, Marlene, Emilinha Borba, Nelson Gonçalves e tantos nomes
de peso da música brasileira perderam de vez o espaço que tinham no rádio, mas
devem estar agradecendo até hoje aquele pequeno, mas eclético e versátil homem
que por muito tempo divulgou suas belas músicas aqui embaixo.
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