Certas pessoas nascem para aquilo que realmente acabam
sendo durante a vida. Para ser radialista, por exemplo, o rádio deve correr nas
veias e aflorar a cada dia.
Conheci Wilson Baragatti no final dos anos 80, quando ele
veio para integrar a equipe de locutores da Rádio Clube. Era um cara
diferenciado, acostumado a grandes emissoras e que demorou um pouco para entrar
no ritmo da rádio.
Quando o conheci não tinha ideia do quanto aquele cara
tinha de rádio em seu sangue. O quanto ele já havia dado de contribuição para o
rádio de várias regiões do país.
Vi de perto seu sofrimento com a perda do filho Daniel,
ainda um menino, e mesmo assim seguiu firme e forte no propósito de fazer o seu
melhor. Com sua simplicidade cativou e fez muitos amigos na cidade, que até
hoje, mesmo estando fora há anos, visita regularmente.
Mais tarde, quando já estava em Mogi Mirim, abriu as
portas para que eu pudesse fazer carreira por lá. E, por mais incrível que possa
parecer, quando eu era redator-chefe do jornal O Impacto, às segundas e quartas
ficava na rádio até tarde de noite para esperar eu fazer o fechamento da edição
e me dar carona até Itapira.
Baragatti sempre teve seu jeito peculiar de se apresentar
às pessoas. Sempre que era apresentado a alguém, costumava falar o nome e as
rádios onde trabalhava. Um dia brinquei com ele e disse que tinha trabalhado em
tantas emissoras que ao se apresentar, falasse o nome de todas, ficaria a noite
inteira até terminar.
Assim como o Leo Santos, personagem de várias passagens
dentro de nossa vida no rádio, Wilson Baragatti vez ou outra fazia das suas. Em
93, quando estávamos em Bauru para cobrir a goleada do Mogi Mirim sobre o
Noroeste por 4 a 1, durante o almoço saiu à cata de uma lista telefônica no
restaurante para tentar encontrar seus parentes na cidade.
Em outra passagem, já na Capital paulista, ficamos à sua
mercê na busca por uma cantina no Bexiga. Ao chegar no local, depois de muito
rodar, parou em uma esquina e soltou a pérola: ‘nossa, em 69 tinha uma pizzaria
aqui”, isso porque já estávamos em 93 e, como todos sabem, São Paulo muda a
cada instante.
Wilson Baragatti, apesar da longevidade na profissão,
continua firme no rádio paranaense. Todos os dias, vejo sua postagem nas redes
sociais sobre as músicas que manda para o ar.
Que essa vontade de viver prossiga por muitos e muitos
anos, pois pessoas assim fazem bem à humanidade. Wilson Baragatti é algo como
um pássaro raro, que deve ser preservado antes que seja extinto.
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