Dessa vida nada se leva, apenas as boas ações, as
amizades sinceras e os lugares que enchem nossos olhos. Viajar nem sempre é
possível, amizades sinceras são cada vez mais raras, mas as boas ações podemos
praticar sem medo e sem dó.
Conheço muita gente que se sente constrangido quando
alguém diz: ‘tenho algumas roupas que foram dos meus filhos e não servem mais,
quer para você?’. Ao invés de entender que aquela pessoa de bom coração está
querendo ajudar, se sente ofendida pela oferta.
Desde que minha pequena passou a frequentar a escola,
primeiro na Vivência e depois no Anglo, raras foram as vezes que precisei
comprar uniforme. Sem que eu imaginasse, muitas vezes chegava com ela na escola
e lá vinha uma funcionária com uma sacola que alguém tinha deixado para mim
repleta de peças de uniforme.
Muitas vezes nem descobri o autor da ação para poder
agradecer, mas no meu íntimo esse agradecimento era feito, pois eu sabia que
aquela pessoa era portadora de um grande coração. E nada mais justo que eu
pedisse a Deus para que a recompensasse.
Quantas e quantas vezes apertaram a campainha de casa e
quando desci para atender era algum amigo ou pai de algum colega de escola dela
com sacola de roupas e brinquedos para minha pequena. E não foram poucas as
vezes que isso ocorreu.
Quem conhece a luta que travamos para enfrentar a vida de
frente sabe que todos devem ser solidários. E eu também procuro fazer a minha
parte.
Lembro que quando chegou o momento de trocar de escola e,
consequentemente, de uniforme, tudo que pudesse servir para outra criança levei
para ser encaminhado. É assim que deve ser e é assim que sempre será.
A vida não é uma estrada feita apenas de chão liso, sem
pedras ou buracos. Quando estamos pisando em terreno firme, devemos sempre nos
preparar para o que vem pela frente ou para ajudar quando alguém está em
dificuldade para transpor um obstáculo.
Nunca sinta vergonha de ser ajudado, nunca se sinta
ofendido se alguém pensou em você e ofereceu algo que não lhe serve. Pegue com
as duas mãos e agradeça com o coração, pois um dia você também vai poder
oferecer algo que não lhe serve para alguém que esteja necessitando, afinal, pé
de pobre não tem número.
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