Lembrar do passado nos faz viajar no tempo e aterrissar
em locais que ficaram guardados em nossa memória. Lugares e pessoas que
deixaram marcas e lembranças de um tempo que não volta mais.
E, dentre essas lembranças boas, me veio à memória dois
bares que não existem mais, mas que com certeza estão bem vivos nas recordações
de quem teve o privilégio de viver aquele tempo. Cada um tinha suas
peculiaridades por proporcionarem aos frequentadores a sensação de estarem em
casa.
Na parte superior da praça Bernardino de Campos, no
quarteirão que tinha em uma extremidade o posto de gasolina, o primeiro
estabelecimento era o tradicional Bar do Odilon, comandado pelo Odilon de
Castro, um senhor com ar bonachão, sempre simpático, e seus filhos. Com suas
quatro portas, era amplo e tinha um balcão de alvenaria que no lado esquerdo de
quem entrava terminava em L, onde ficava a bomboniere com suas balas e
chocolates de dar água na boca.
Naquela época as balas Chita, Olímpica (de ovo e coco),
ou as recheadas com chocolate eram as minhas preferidas. Entre os chocolates,
as marcas mais famosas eram Pan, Sonksen e Lacta.
Mas, era atrás das prateleiras da bomboniere, distante
dos olhos dos fregueses comuns, que ficava o ponto de encontro dos clientes
contumazes, aqueles senhores que batiam o cartão todos os finais de tarde para
um bom papo regado a whisky e outras bebidas. Chamado de ‘senadinho’, o local
era para poucos, apenas uma seleta freguesia.
Andando pela mesma calçada em meus devaneios, em direção
ao outro lado do quarteirão, minhas lembranças passam pelo Cine Bar e sua
entrada para o Cine Rádio; a casa dos Pereira de Moraes, proprietários do Cine
Bar; o Centro Comércio e Indústria; o Cine Paratodos, até chegar ao Bar e
Restaurante Central. Como era bom aquele tempo, com tantas opções de lazer no
entorno da praça, hoje tão esquecida e mal frequentada.
No Bar Central outra peculiaridade chamava minha atenção.
Ali o hábito dos fregueses tradicionais era ficar do lado de dentro do balcão,
que tinha formato de L na extremidade direita de quem entrava. Ali, perto do
caixa, se concentravam os senhores que de uma forma ou de outra acabavam
auxiliando o China Paschoalin e o Lamartine, proprietários do estabelecimento.
Lembro que do outro lado, ao fundo, ficava a
engraxataria, a porta de acesso ao salão do restaurante e a sorveteria, com seu
balcão extenso e os sabores inigualáveis. No canto, depois da pequena porta de
acesso para quem vinha da Conselheiro Dantas, ficava a bilheteria da empresa
Viação Bragança.
Essas lembranças, para um garoto como eu, que viveu
aquele tempo mágico, jamais serão esquecidas e, com certeza, os personagens
dessa viagem que ainda estão nesse mundo, irão lembrar dessas e de outras
peculiaridades desses dois locais.
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