sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Praça agonizante


Quem conheceu a praça Bernardino de Campos quando ela realmente era o cartão postal da cidade pode se considerar um privilegiado. Era um tempo em que a principal praça da cidade, com seus atrativos e cheia de vida em seu entorno, dividia com o Parque Juca Mulato a honra de representar a beleza da cidade um dia chamada de A Linda.
Conheci a antiga praça antes da revitalização promovida no final dos anos 60 pela mãos do engenheiro Renato Righetto. Tanto a antiga como a nova sempre foram belas e atraíam pessoas de todas as idades.
Em seu entorno existiam bares, restaurantes, cinemas, clubes, enfim, havia vida e movimento. Com a construção da nova Matriz, iniciada no final dos anos 50 e concluída em 1967, a praça também ganhou novos ares com a construção da fonte luminosa em sua parte baixa, fator que se constituiu em mais um atrativo para a população.
Mas, aos poucos, a beleza foi se transformando em tristeza. Os estabelecimentos que antes faziam a praça ter vida foram sendo trocados por bancos, farmácias e lojas que encerram suas atividades com o cair da tarde, deixando a praça entregue à solidão e ocupada por flanelinhas, pedintes e usuários de drogas.
A fonte, o coreto, a vida da praça principal da cidade não existem mais. Os grandes eventos que faziam daquele logradouro o ponto de encontro das pessoas, como os desfiles cívicos e o Carnaval, já não fazem da praça seu ponto culminante e nem mesmo as árvores, que antes embelezavam a praça Bernardino de Campos foram substituídas por novos exemplares.
Sobrou apenas a estátua do Comendador Virgolino de Oliveira, isolado em meio ao vazio que tomou conta daquela que antes era uma das mais belas praças do interior paulista. Do alto de sua imponência, ele vê, aos poucos, morrer um dos orgulhos da cidade.
Querer a velha praça de volta é pura utopia de um teimoso saudosista, é sonhar com o impossível. Mas, ver a praça ganhar vida novamente é algo perfeitamente plausível.

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