Quando eu ainda era um menino, pra não deixar de citar,
um menino magricela de orelhas grandes, ouvia os mais velhos dizerem que ‘isso
é do tempo que amarrava cachorro com linguiça’, quando se referiam a alguma
coisa antiga. Cresci ouvindo isso e nunca vi nenhum cachorro amarrado com
linguiça.
Naquele tempo tudo era mais puro, mas sem compromisso,
sem a correria dos dias de hoje. Eu sou daquele tempo e sou feliz por isso.
Lembro que as pessoas usavam frases e jargões que hoje
estão em desuso. Dona Carmela, minha avó materna por exemplo, como boa
italiana, costumava soltar um ‘Dio Cristo Benedetto” para expressar seu espanto
ou sua fúria contra alguma coisa errada.
Já minha mãe, quando estava sem dinheiro para alguma
emergência, sempre dizia ‘estou mais lisa que bunda de santo’. Era assim que a
gente ficava sabendo que não daria para comprar o sorvete do sorveteiro que
apertava sua buzina insistentemente na rua.
Meu pai, calejado com diversas situações, sempre falava
que ‘parente é dinheiro no bolso’. Sei lá se era pra dizer que parente só dava
gasto ou outra coisa que nunca descobri.
E as frases de efeito como ‘melhor ouvir isso que ser
surdo’ ou ‘vai catar coquinho’, ou ainda ‘ vai ver se estou na esquina’. Uma
mais esquisita que a outra.
Hoje não ouço mais essas frases de efeito. Hoje, quando
alguém quer afirmar que o outro não bate bem da cabeça, diz ‘é mais louco que o
Batman’. Mas, nunca ouvi dizer que o Batman era louco.
O tempo passou, hoje o mais velho sou eu, as frases
mudaram e tudo ficou diferente. Não se usa mais a famosa frase 'amarrar cachorro
com linguiça’.
Os tempos mudaram, os hábitos mudaram, os seres humanos
mudaram. Só não sei se alguém amarrou o cachorro com linguiça, foi ver se eu
estava na esquina catando coquinho e ficou mais liso que bunda de santo.
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