sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Os desfiles e o civismo


Já vai longe o tempo em que os alunos cantavam o Hino Nacional, o Hino da Independência e outros menos votados antes de entrar para a sala de aula. No meu tempo de primário, no Grupo Escolar Dr. Júlio Mesquita, todos os alunos formavam as filas ao comando das professoras e, antes de subir a escada do galpão do recreio para as salas, cantavam o hino demonstrando o civismo e o respeito para com um dos brasões do país.
E, quando chegava a época dos desfiles cívicos, em setembro e outubro, tudo era exaustivamente ensaiado para que a apresentação fosse impecável diante do público e culminando com a passagem pelo palanque das autoridades. Desde a fanfarra até os grupos uniformizados, tudo era visto e revisto para que nada saísse do contexto.
Acredito que, como eu, todas as crianças daquela época aguardavam com ansiedade e expectativa o momento de desfilar. Era como um prêmio pela boa conduta durante o ano letivo e pela demonstração de civismo a cada dia. E, mesmo no ginasial, no IEEESO, no final da década de 60 e início dos anos 70, os desfiles enchiam os olhos de quem se dirigia à Rua José Bonifácio ou à Praça Bernardino de Campos para presenciar a passagem das escolas.
A fanfarra do Júlio Mesquita fazia sua parte, dava o tom para o nosso desfile, mas o que vinha a seguir era emocionante. A batida das fanfarras da Escola Técnica de Comércio e do IEEESO (Instituto de Educação Estadual Elvira Santos Oliveira) roubava a cena e nada ficava devendo para as que eram convidadas e vinham de outras cidades, como a Cardeal Leme, de Espírito Santo do Pinhal, por exemplo.
Era um tempo diferente, mais romântico, com mais respeito pelas pessoas e pelos ensinamentos. Hoje, não por culpa dos professores, que fazem sua parte da melhor maneira possível, mas por causa das mudanças no ensino em geral e a alteração de comportamento dos próprios alunos, que já não demonstram o mesmo entusiasmo para desfilar ou respeito às regras de conduta.
Para quem viveu aquele tempo ficou a certeza de ter participado ou simplesmente assistido verdadeiras demonstrações de civismo e respeito. E, se fechar os olhos, com certeza sentirá as batidas fortes e compassadas das fanfarras daquela época e terá a sensação de estar presenciando um belo espetáculo oferecido pelas escolas.
Hoje não há mais romantismo, não há mais o respeito aos símbolos da pátria, não há mais respeito aos educadores. E, se não existe mais nada disso, pode-se afirmar que está cada vez mais difícil de viver.

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