Já vai longe o tempo em que os alunos cantavam o Hino
Nacional, o Hino da Independência e outros menos votados antes de entrar para a
sala de aula. No meu tempo de primário, no Grupo Escolar Dr. Júlio Mesquita, todos
os alunos formavam as filas ao comando das professoras e, antes de subir a
escada do galpão do recreio para as salas, cantavam o hino demonstrando o
civismo e o respeito para com um dos brasões do país.
E, quando chegava a época dos desfiles cívicos, em
setembro e outubro, tudo era exaustivamente ensaiado para que a apresentação
fosse impecável diante do público e culminando com a passagem pelo palanque das
autoridades. Desde a fanfarra até os grupos uniformizados, tudo era visto e
revisto para que nada saísse do contexto.
Acredito que, como eu, todas as crianças daquela época
aguardavam com ansiedade e expectativa o momento de desfilar. Era como um
prêmio pela boa conduta durante o ano letivo e pela demonstração de civismo a
cada dia. E, mesmo no ginasial, no IEEESO, no final da década de 60 e início
dos anos 70, os desfiles enchiam os olhos de quem se dirigia à Rua José
Bonifácio ou à Praça Bernardino de Campos para presenciar a passagem das
escolas.
A fanfarra do Júlio Mesquita fazia sua parte, dava o tom
para o nosso desfile, mas o que vinha a seguir era emocionante. A batida das
fanfarras da Escola Técnica de Comércio e do IEEESO (Instituto de Educação
Estadual Elvira Santos Oliveira) roubava a cena e nada ficava devendo para as
que eram convidadas e vinham de outras cidades, como a Cardeal Leme, de
Espírito Santo do Pinhal, por exemplo.
Era um tempo diferente, mais romântico, com mais respeito
pelas pessoas e pelos ensinamentos. Hoje, não por culpa dos professores, que
fazem sua parte da melhor maneira possível, mas por causa das mudanças no
ensino em geral e a alteração de comportamento dos próprios alunos, que já não
demonstram o mesmo entusiasmo para desfilar ou respeito às regras de conduta.
Para quem viveu aquele tempo ficou a certeza de ter
participado ou simplesmente assistido verdadeiras demonstrações de civismo e
respeito. E, se fechar os olhos, com certeza sentirá as batidas fortes e
compassadas das fanfarras daquela época e terá a sensação de estar presenciando
um belo espetáculo oferecido pelas escolas.
Hoje não há mais romantismo, não há mais o respeito aos
símbolos da pátria, não há mais respeito aos educadores. E, se não existe mais
nada disso, pode-se afirmar que está cada vez mais difícil de viver.
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