Nasci e fui criado ali no início da Rua Comendador João
Cintra, pertinho de onde começa a Avenida Brasil. Ali vivi boa parte da vida e
dali eu guardo lembranças que jamais serão apagadas da memória.
De vez em quando viajo por aquele tempo e lembro de
acontecimentos que me fazem recordar pessoas e passagens.
A Avenida Brasil, por exemplo, até o início dos anos 80,
era de terra, não havia asfalto. A rua de casa era pavimentada com
paralelepípedos disformes e que arrancavam a ‘champa’ do dedão de muita gente
durante nossas peladas noturnas.
E, por ser de terra batida, a Avenida Brasil era puro pó
em época de pouca chuva. As donas de casa do início da minha rua sofriam com a
poeira que juntava sobre os móveis.
E algumas peculiaridades vivem povoando minhas lembranças
daquele tempo, trazendo de volta costumes que nos dias de hoje estão em desuso.
O tempo passou, os costumes mudaram, mas as lembranças servem para resgatar
aqueles momentos.
Lembro que o Luciano Venturini, que tinha uma oficina que
colocava carroceria em caminhões no início da avenida, quando subia para sua
casa passava defronte a minha batendo os pés com força na calçada para tirar o
pó. Quando ouvíamos aquele barulho todo já sabíamos que era ele que estava
passando.
Lembro também que a cada enchente no ribeirão da Penha
todos se dirigiam até a serraria dos Brunialti, bem ali no início da avenida,
de onde dava para enxergar a movimentação da água, que transformava o ribeirão
em um rio caudaloso e amedrontador. O lugar onde ficava a enorme serra de
cortar toras mais parecia uma arquibancada, tal o número de pessoas ali
aglomeradas.
Esse tempo já vai longe, como o pó da avenida. Ficaram as
lembranças, o som dos pés batendo na calçada e a água rio abaixo com sua fúria.
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