Crescemos e vivemos de uma forma que não compreendemos a
verdadeira dimensão da palavra gente. Acredito que só se aprende a ser gente
quando viramos pai ou mãe.
Fui pai aos 51 anos e não me arrependo disso. Foi só aí
que aprendi o verdadeiro significado da palavra gente.
Ao ser pai aprendi que é ali que começa nossa verdadeira
existência. Não há como negar que viver sem ter um filho (no meu caso, filha),
plantar uma árvore e escrever um livro não é viver, é sobreviver.
Um certo dia, não muito longe, sentei a frente de um
velho amigo, daqueles de infância, que teve a mesma educação que eu tive e que
lembra de tudo que lembro como se fosse hoje. Ali falamos sobre tudo que
tivemos na infância e tudo que pudemos passar para nossos filhos.
Sérgio Venturini, amigo de infância, centroavante do
Paulistinha, companheiro de escola e de tantas aventuras, concordou comigo que
só somos gente de verdade quando nos vemos como pai. Chegamos a essa conclusão
depois de refletir sobre tudo que tivemos na infância e que podemos passar para
nossos filhos.
Ali, sentado na sua frente em seu escritório, bem em
frente a casa onde nasci e também a casa onde ele nasceu, que pudemos constatar
que a vida passa, os filhos crescem e é por eles que vivemos e lutamos. Que bom
que ainda encontro amigos de infância que corroboram com meu pensamento.
Já passamos da casa dos 60, já vivemos tanto e parece que
nada mudou. A única certeza é que tudo que aprendemos lá na infância permanece
como ensinamento que preservamos de forma intacta em nosso coração.
Seus filhos já estão criados, encaminhados e sua missão
está quase cumprida. A minha ainda tem uma longa estrada pela frente, mas sigo
seu exemplo e sei que também vou alcançar meu objetivo.
Quem sabe, um dia, a gente se encontre novamente para
comemorar a vida e tudo que ela nos deu. Desde os tempos de infância, quando éramos simplesmente
centroavante e meia-esquerda de um time chamado Paulistinha, que vestia camisa
vermelha tingida na oficina do Luciano Venturini e que para nós era um orgulho
vestir.
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