sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O caminho para o trem


O caminho para o trem

A principal rua da cidade tem um apelido peculiar, desconhecido por muita gente que nasceu nas últimas três décadas. A José Bonifácio, que abriga o seio do comércio, foi apelidada de Rua da Estação por ser o caminho praticamente obrigatório para quem se dirigia à estação ferroviária, de onde partiam os trens da antiga Cia. Mogiana, mais tarde rebatizada de Fepasa.
Naquela época era comum as pessoas utilizarem o transporte ferroviário para irem até São Paulo. E a José Bonifácio, por sua localização, era o trajeto de quem tinha como destino a estação situada nas proximidades da Fábrica de Chapéus Sarkis.
Para quem vinha de bairros como Cubatão ou Prados e mesmo do centro, a principal via da cidade era o caminho mais fácil. Bastava descer até a esquina da Alfredo Pujol, dobrar a direita, passar em frente os hotéis Central e São Paulo, instalados ali de forma estratégica para abrigar os viajantes que pernoitavam na cidade, e a estação estava logo ali.
Mas, naquele tempo, pelo menos no meu tempo de criança, quando o trem ainda era utilizado para o transporte de pessoas e cargas, a José Bonifácio era bem diferente dos dias atuais. Ali estavam as lojas mais tradicionais do comércio, as farmácias e agências bancárias.
Lembro que na esquina da Comendador João Cintra, em frente a loja A Paulista, ficava a farmácia onde trabalhava o Lázaro Nunes de Mattos, o Lazinho, que mais tarde ficou conhecido como Lazinho da Pamonha. Do outro lado, depois da Paulista tinha a Paulista Presentes, o Buraco da Onça, a Leader da Praça, o Brasília Bar e na esquina a Pernambucanas. Do outro lado, antes da agência do Banco Itaú, tinha a Loja Sase, que também trabalhava com confecção de roupas masculinas e empregava alguns dos mais renomados alfaiates da cidade.
Atravessando a Campos Salles no meu tempo tinha a MacGregor, do Gilton Zago; depois vinha a Vip Modas, do Aluizio Nicolau; a Sapataria Sport, do Hélio Nicolai, a Casa Baiochi e a Casa Botelho; em seguida a Casa Zico e na esquina o Banco Mercantil. Na outra calçada tinha a Casa Barretto, a Farmácia Vera Cruz, a Relojoaria Lalo, a Casa Munir e a Casa Bernardino, de propriedade do Daniel Parnes.
Passando pela João de Moraes, na esquina a Casa Vermelha, a casa da família Bisinelli, a Camisaria Fernandes, a Casa Dudu, a Casa Teté e a residência do Nagayuki Suzuki. Do lado de baixo a Radiluz, a Gráfica Santo Antonio, a Relojoaria Andrade, o Bazar do ‘seo’ Toninho, mais tarde vendido ao Tonussi; a Farmácia da Fé, a Casa Sartori, a Ótica Rubi e a Casa Recchia.
No último quarteirão antes de virar rumo a estação, ficavam a Vencedora, o Sebastião Bar, a barbearia do Tico Queluz e o Bar da Alegria, entre outros. Já na calçada do outro lado, abaixo do Bazar 25 existia a quitanda da Maria Teixeira, a oficina e a residência do José Galli, a residência do Francisco Galli, ambos irmãos da minha avó Carmela; a agência da Caixa Federal e a Casa Combate.
Com certeza, os mais antigos irão se lembrar de outros estabelecimentos e moradores da rua principal da cidade. Cada um tem sua lembrança e guarda na memória personagens que marcaram aquele tempo.
Esse tempo já vai longe, o trem já não passa mais pela cidade. As linhas foram desativadas, mas o apelido permaneceu, principalmente para quem viveu aquele tempo.


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