Eu nasci e cresci ali, bem pertinho de onde começa a
Avenida Brasil. Ali vivi os melhores momentos de minha infância.
Naquele tempo a Rua Comendador João Cintra era de
paralelepípedos e a Avenida Brasil de chão batido. Quando não chovia a poeira
levantada pelo vento se fazia sentir nas casas próximas à divisa entre as duas
vias; se chovesse o barro predominava.
Como não havia o transporte coletivo, as pessoas que
residiam no bairro dos Prados vinham para o centro a pé. Lembro até hoje das
pessoas que vinham pela avenida e que, quando chegavam na calçada de casa,
batiam os pés para tirar o pó.
Meu avô João Butti trabalhava na olaria dos Riboldi e era
pela Avenida Brasil que eu descia até lá para buscar barro para brincar ou
mesmo para os trabalhos escolares. Ia e voltava a pé e aproveitava para passar
pela mina existente na curva depois do barranco do parque e do muro do Bairral.
A Avenida Brasil também era o caminho até o campo do
Paulistinha, existente na beirada do ribeirão. Era lá que, todas as tardes,
jogávamos futebol e, aos domingos, recebíamos os times de outros bairros.
Hoje essa importante via de ligação do Centro com um dos
bairros mais populosos da cidade mudou muito, está asfaltada e tem movimento
intenso de veículos, mas na minha memória permanece como caminho para muitas
passagens de minha história.
Viajando pelo passado posso vislumbrar alguns locais que
voltam à memória como fagulhas. Bem no início, depois da Ladeira São João, de
um lado havia a residência do Nilo Boretti e, do outro, antes do barranco do
parque, o sobrado onde muita gente residiu, desde a família Orcini até os
Zangelmi e depois a família do Orlando Brunialti.
Havia a serraria dos Brunialti, a oficina do Luciano
Venturini, a fábrica de sofás da Jupira, que também servia de passagem para
nosso campinho de futebol; a venda dos Galizoni e lá na frente a casa dos país
do Zezo e do Istor Pereira Lima. Depois da curva da mininha havia a casa do
Renato Batista da Silva e as residências dos Ribolbi, em frente da olaria.
Mas, era bem lá na frente, antes de chegar à Cal
Fortaleza, que havia o campo do Olaria, um dos times mais respeitados daquela
época. A família do Juquita Godoy residia no local e cuidava do campo, que
tinha algumas peculiaridades.
Para entrar no gramado era necessário pular o córrego que
margeava sua lateral. Do outro lado havia uma mina entre os pés de bambu e
muita gente, por desconhecimento, acreditava que era ali que nascia o ribeirão
da Penha. E tinha ainda a linha do trem que passava atrás de uma das traves.
Bons tempos aqueles em que fiz muitos amigos que até hoje
permanecem. Do bairro dos Prados e principalmente através do futebol a vida me
deu amigos como o Wandinho Felippe, o Robertinho Godoy, o Emilinho Ruzzi, os
irmãos Tonho e Wilson Martins Coelho, o Jorge Luís de Almeida, o Zé Mário
Piardi, o Airton Galizoni Filho, o Coquinho, que foi embora desse mundo muito
cedo, e tantos outros.
São boas lembranças de um tempo que já vai longe, mas que
deixou marcas que jamais serão apagadas de minha memória. Lembranças que guardo
com carinho, pois fazem parte da minha história.
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