sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O caminho para o bairro dos Prados


Eu nasci e cresci ali, bem pertinho de onde começa a Avenida Brasil. Ali vivi os melhores momentos de minha infância.
Naquele tempo a Rua Comendador João Cintra era de paralelepípedos e a Avenida Brasil de chão batido. Quando não chovia a poeira levantada pelo vento se fazia sentir nas casas próximas à divisa entre as duas vias; se chovesse o barro predominava.
Como não havia o transporte coletivo, as pessoas que residiam no bairro dos Prados vinham para o centro a pé. Lembro até hoje das pessoas que vinham pela avenida e que, quando chegavam na calçada de casa, batiam os pés para tirar o pó.
Meu avô João Butti trabalhava na olaria dos Riboldi e era pela Avenida Brasil que eu descia até lá para buscar barro para brincar ou mesmo para os trabalhos escolares. Ia e voltava a pé e aproveitava para passar pela mina existente na curva depois do barranco do parque e do muro do Bairral.
A Avenida Brasil também era o caminho até o campo do Paulistinha, existente na beirada do ribeirão. Era lá que, todas as tardes, jogávamos futebol e, aos domingos, recebíamos os times de outros bairros.
Hoje essa importante via de ligação do Centro com um dos bairros mais populosos da cidade mudou muito, está asfaltada e tem movimento intenso de veículos, mas na minha memória permanece como caminho para muitas passagens de minha história.
Viajando pelo passado posso vislumbrar alguns locais que voltam à memória como fagulhas. Bem no início, depois da Ladeira São João, de um lado havia a residência do Nilo Boretti e, do outro, antes do barranco do parque, o sobrado onde muita gente residiu, desde a família Orcini até os Zangelmi e depois a família do Orlando Brunialti.
Havia a serraria dos Brunialti, a oficina do Luciano Venturini, a fábrica de sofás da Jupira, que também servia de passagem para nosso campinho de futebol; a venda dos Galizoni e lá na frente a casa dos país do Zezo e do Istor Pereira Lima. Depois da curva da mininha havia a casa do Renato Batista da Silva e as residências dos Ribolbi, em frente da olaria.
Mas, era bem lá na frente, antes de chegar à Cal Fortaleza, que havia o campo do Olaria, um dos times mais respeitados daquela época. A família do Juquita Godoy residia no local e cuidava do campo, que tinha algumas peculiaridades.
Para entrar no gramado era necessário pular o córrego que margeava sua lateral. Do outro lado havia uma mina entre os pés de bambu e muita gente, por desconhecimento, acreditava que era ali que nascia o ribeirão da Penha. E tinha ainda a linha do trem que passava atrás de uma das traves.
Bons tempos aqueles em que fiz muitos amigos que até hoje permanecem. Do bairro dos Prados e principalmente através do futebol a vida me deu amigos como o Wandinho Felippe, o Robertinho Godoy, o Emilinho Ruzzi, os irmãos Tonho e Wilson Martins Coelho, o Jorge Luís de Almeida, o Zé Mário Piardi, o Airton Galizoni Filho, o Coquinho, que foi embora desse mundo muito cedo, e tantos outros.
São boas lembranças de um tempo que já vai longe, mas que deixou marcas que jamais serão apagadas de minha memória. Lembranças que guardo com carinho, pois fazem parte da minha história.

Nenhum comentário:

A quarta série ginasial

Faz tempo que isso não ocorre, mas um tempo atrás eu vivia sonhando que estava nas dependências da escola onde cursei o ginasial e também ...