Sou de um tempo em que pequenos gestos eram mais valorizados. Um
tempo em que as pessoas eram muito, mas muito mais felizes, porque sabiam o
verdadeiro significado dos sentimentos verdadeiros.
Já tive muitos domingos de Páscoa. Uns inesquecíveis, outros
comuns.
Quando eu era um menino magricela de orelhas grandes, os meus
domingos de Páscoa eram sempre na casa de meus avós paternos, na João Pereira.
Era lá que minha família se reunia para o almoço da Páscoa.
Lembro bem de cada momento. De acordar cedinho pra ir à procissão
do Encontro, da ansiedade de chegar logo em casa para abrir meu ovo de Páscoa,
de ir com meus pais e minhas irmãs para a casa dos meus avós. Foram tantos
momentos de alegria que até hoje guardo bem guardados no meu baú de memórias.
Hoje, depois de tantos domingos de Páscoa, valorizo cada momento
que tenho de alegria. Hoje, meus domingos de Páscoa são ao lado da pessoa que
mais amo no mundo e, com certeza, da pessoa que mais me ama.
É ao lado da minha pequena Mariane que tenho o prazer de viver
meus domingos de Páscoa. E, com seus pequenos gestos, ela me faz reviver meus
bons tempos de criança e sentir todo o prazer de recordar tudo isso.
Ler o que ela escreve, ver seus desenhos, que sempre têm o pai
presente entre os personagens, e os gestos de carinho que recebo, são o bálsamo
que necessito para curar minhas feridas provocadas pelas dores da vida. Sentir
seu abraço carinhoso, seus gestos de reconhecimento por tudo que tento fazer
por ela, para preencher o que talvez faça falta em sua existência, é o maior
presente que posso desejar.
Me sonho maior e, talvez, único, é poder vê-la feliz sempre. Vê-la
capaz de se cuidar sozinha. Saber que posso partir dessa vida ciente de que fiz
tudo que era necessário para vê-la caminhando com as próprias pernas.
Espero ainda ter muitos domingos de Páscoa
ao lado da minha pequena. Poder dar a ela toda a alegria de encontrar o tão
esperado ovo de Páscoa e receber, através de seus pequenos gestos, todo o amor
que sei que sente por esse seu velho pai.
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