Sou de um tempo em que devolver a garrafa de Coca-Cola na cantina
do ginásio rendia um pirulito Zorro. Era a forma encontrada pela direção da
escola para disciplinar uma geração que já dava indícios de rebeldia.
Um tempo em que a maioria dos garotos da
escola esperava com ansiedade o início do campeonato interno de futebol. E
muitos até desistiam dos estudos no meio do ano só para garantir presença no
ano seguinte e participar da competição.
Um tempo em que as competições esportivas
realizadas pelo professor Barretto davam o que falar. Todo mundo marcava
presença para ver de perto as disputas.
Naquela época, início dos anos 70, o
ginásio – hoje chamado de ESO – era celeiro de grandes atletas e temido em todo
o Estado. O trabalho que era comandado pelo professor Barretto era árduo, mas
mostrava resultados. Atletas com Dão Rossi, Claudião Nascimento, Carlão
Nogueira, Zé Alair, Pudim Simionato, Bi Rosário, Gildo Piardi, Ypê Ferreira
Alves e tantos outros davam seqüência ao sucesso da geração anterior, que tinha
em Paulinho Teté e Valdir Barbanti seus expoentes.
No meu tempo de ginásio, quando a pista em
torno do campo de futebol era palco de uma corrida de mil metros, todo mundo
parava para conferir qual seria a distância entre o vencedor e o resto do
pelotão, pois todo mundo sabia que a vitória seria do Gildo Piardi, imbatível
na distância e que comprovaria isso em competições pelo Brasil afora e por
outros países da América do Sul.
Naquela mesma época surgiu um outro
especialista na prova dos mil metros. Embora corresse descalço e fosse um
garoto franzino, era capaz de deixar o resto do pessoal na poeira.
E por tudo isso, aquele menino, oriundo de Eleutério, era uma
atração a parte. Luís Gustavo Cruz, apelidado de Tonelada por causa de seu
tamanho e peso, mesmo sem a técnica necessária, fez história e figurou por
muito tempo como recordista em sua categoria e também deu sua contribuição para
que a fama que a cidade tinha lá fora como formadora de grandes atletas fosse
mantida.
Lembrar fatos, detalhes e nomes é uma
forma de manter vivo em minha memória esse tempo feliz de estudante. Buscar lá
no fundo do baú de recordações o período em que professores eram respeitados
pelos alunos como se fossem mestres, pais e gurus ao mesmo tempo. Um respeito
que hoje, infelizmente, assim como o pirulito Zorro, não existe mais.
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