quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O campinho do parque

Sou de um tempo em que o Parque Infantil Narciso Pieroni ficava bem no coração do Parque Juca Mulato. Um tempo em que as crianças que frequentavam o parquinho usavam uniformes listrados de forma vertical em azul e branco.

Lembro bem de quantas e quantas vezes eu fiquei ali, prostrado no alambrado que cercava o parquinho, apenas observando aquelas crianças uniformizadas brincando sob os olhares das professoras. Ficava ali apenas olhando o ir e vir daquelas crianças.

Era um tempo em que o Juca Mulato tinha árvores frondosas, a avenida dos Biris honrava o nome que tinha e o tempo custava a passar. Um tempo feliz para aquele menino magricela de orelhas grandes, que adorava jogar futebol no campinho do parque.

Lembro como se fosse hoje daquele campinho gramado que ficava onde hoje está o espaço reservado aos eventos culturais realizados no Parque Juca Mulato. Era um lugar mágico, principalmente para os garotos da minha rua, que não viam a hora de jogar naquele campinho.

A fila de espera era grande, tínhamos que aguardar nossa vez. Mas quando o dia chegava a ansiedade tomava conta de todos desde as primeiras horas da manhã.

Jogar naquele campinho era um sonho. Principalmente pra nós, acostumados a jogar no meio da rua de paralelepípedos, onde a champa do dedão do pé geralmente ficava grudada em uma pedra mais saliente.

O campinho do parque era bem cuidado, com a grama verde e as traves feitas em madeira pintada de verde escuro. Bem diferente do nosso campo improvisado na rua, com os gols demarcados por tijolos que muitas vezes eram esmagados pelas rodas dos parcos carros que rodavam pelas ruas da cidade.

Ganhar do time do parquinho era difícil. De cada quatro confrontos a gente ganhava um. Mas, mesmo assim, para nós era a glória máxima estar ali naquele lugar, poder desfrutar daqueles 30 ou 40 minutos e, ainda por cima, saborear o leite com chocolate que nos era servido no final do jogo.

Entrar na fila com as crianças que frequentavam o parquinho e receber o copo de plástico cheio de leite com chocolate era a recompensa maior para nosso time. Fecho os olhos e ainda sinto o sabor daquele leite delicioso.

Como é bom relembrar tudo isso. Reviver aqueles momentos mágicos, visualizar o saudoso Jaú, responsável pelo timinho do parquinho, ou o ‘seo’ João, o zelador do parquinho.

Hoje, tudo isso já não existe mais. O parquinho há muito foi embora do Juca Mulato e só restaram as boas lembranças, revividas a cada manhã de domingo, quando vou àquele local para que minha pequena Mariane possa desfrutar de bons momentos no pula-pula ou na piscina de bolinhas.


É o momento em que relembro todos os detalhes de um tempo que não volta mais, mas que ficou guardado em meu baú de memórias. Um tempo mágico, capaz de me fazer viajar pelo túnel do tempo para reviver momentos tão significativos em minha existência.

2 comentários:

Ana Maria S S Rocha disse...

Parabéns pela crônica, Butti. Vi-me retratada nela pelas idas e vindas ao parque levando meu irmão Luís Francisco, aluno do Narciso.
Saudade mesmo desse tempo bom e abençoado, só quem o viveu sabe o valor dessa nostálgica época.

Boa semana

ANa Maria e Dimas

Humberto Butti disse...

Obrigado Ana, a você e ao amigo Dimas, pela leitura dessas lembranças e pelo elogio.

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