Sou de um tempo em que o ano custava a passar. Um tempo em que os
dias pareciam intermináveis e não havia essa correria que vida atual impõe às
pessoas.
Havia tempo para tudo. As crianças, além
de frequentarem os bancos escolares, encontravam tempo para as brincadeiras
saudáveis.
Lembro bem que, como se fossem as estações
do ano, as brincadeiras também eram sazonais. A cada período uma delas era a
preferida e todos, como se fosse uma combinação, se ocupavam daquela diversão.
Naquele tempo as brincadeiras eram bem
diferentes do que se vê hoje. Sem os jogos eletrônicos, computadores ou os
recursos tecnológicos da atualidade, as crianças gostavam mesmo era das brincadeiras
de rua.
E eu, um menino magricela de orelhas
grandes, não era diferente das outras crianças. De tempos em tempos me ocupava
com um tipo de diversão para preencher meu tempo ocioso.
Além da bola, uma companheira inseparável,
principalmente dos garotos, havia diferentes tipos de brincadeira. Lembro bem
que agosto, por exemplo, por ser o mês de ventos, era o período em que todos
gostavam de empinar pipas, ou soltar maranhão, como dizíamos naquele tempo que
já vai longe.
Passava a febre das pipas e chegava a vez
dos piões, das bolinhas de gude ou de colecionar figurinhas de times de futebol
ou de filmes, como El Cid, por exemplo. Era um tempo muito gostoso e bem
diferente.
Tenho muita saudade desse tempo e essa
saudade é dolorida, pois sei que esse tempo não voltará nunca mais. Hoje, como
minha pequena Mariane já entende muita coisa, busco nas fotos antigas que
mostro para ela as recordações desse tempo feliz.
Não tenho mais tempo para soltar maranhão,
rodar pião, jogar bolinha de gude ou colecionar figurinhas, mas sempre encontro
preciosos momentos para lhe contar como era aquele tempo. Talvez seja esse o
caminho que tomo a cada aperto no coração por já estar bem distante daquele
tempo de brincadeiras de criança.
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