Quem viveu aquela época com certeza curtiu muito e
irá relembrar. Quem não teve a mesma sorte, pelo menos, terá a oportunidade de
entender um pouco da magia que envolvia a juventude na década de 70.
No final de 74, em meio às comemorações do Natal e a
preparação para a chegada de um novo ano, a cidade viveu momentos de glória com
a inauguração de uma de suas mais tradicionais casas de entretenimento.
Idealizado para ser um ponto de encontro das famílias, o Chopão acabou virando
um dos locais preferidos dos jovens de então.
Vivi intensamente essa época de ouro e lembro bem da
inauguração da casa. Uma festa concorrida e regada a muito chopp Brahma,
oferecido pelos proprietários.
O Chopão, instalado no local onde hoje está a
Montreal, bem defronte a antiga e de saudosa memória fonte luminosa, nasceu sob
a estigma do sucesso e essa aura perdurou por um bom tempo.
Diferente de tudo
que havia por aqui, com suas mesas ao ar livre, protegidas por guarda-sóis, o
Chopão era tudo que os jovens da época queriam, pois oferecia aquilo que todos
chamavam de liberdade para se viver intensamente.
Ainda posso ver, em lampejos de memória, o movimento
dos carros na praça Bernardino de Campos, que naquela época tinha o tráfego de
veículos no sentido inverso ao atual. Ou seja, os carros faziam o trajeto de
baixo para cima, passando primeiro pela parte inferior da praça e depois pelo
setor de cima.
Naquela época os jovens se reuniam na praça central
da cidade e não em postos de combustível, ao longo de avenidas ou na porta de
concessionárias de veículos. E, aqueles que consumiam bebidas alcoólicas,
utilizavam as mesas dos bares e lanchonetes e não as ruas, e nem atiravam os
vasilhames nos locais públicos, prática tão comum nos dias atuais.
Os que tinham carro e dotavam o mesmo de
equipamentos de som, optavam por tapes Road Star ou TKR, que eram o que havia
de melhor, além de colocar potentes falantes e twitters Selenium, mas tudo
dentro do carro. Muito diferente de hoje, tempos em que quem equipa o carro
coloca o som do lado de fora e sai pelas ruas com o volume aos berros,
evidenciando o mau gosto musical do proprietário do veículo.
Às vezes, quando o sono vai embora e os olhos secam,
me pego divagando por esse tempo, que marcou a vida de quem teve o privilégio
de vivê-lo, e que me traz nostalgia, saudade e prazer, principalmente prazer de
ter vivenciado tudo isso.
A inauguração do Chopão, de propriedade do Sebastião
Pompeo, o Dinho, e seus sócios, se deu no final de dezembro e foi bastante
concorrida. Lembro que foi uma noite memorável para a cidade, que ganhava um
novo ponto de encontro que, junto com o Bar do Edifício, passaria a receber a
nata da sociedade e completaria o ciclo que tinha em seu centro o Clube XV de
Novembro.
A praça era frequentada, tinha vida própria e
inúmeros bares e restaurantes. Além do Bar do Edifício e do Chopão, contava
também com o Bar Central, o Cine Bar e o Bar do Odilon, além do Itapira Bar,
que estava mudando de mãos e passaria a ser conhecido como Sobradão.
Esse é um tempo que já vai longe, há 40 anos, mas
que permanece vivo na memória de quem o viveu. Um tempo diferente e que não
volta nunca mais, mas quem teve a felicidade de viver aquele período vai
guardá-lo para sempre na memória e no coração.
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