terça-feira, 23 de setembro de 2014

Chopão, um dos pontos de encontro na década de 70

Quem viveu aquela época com certeza curtiu muito e irá relembrar. Quem não teve a mesma sorte, pelo menos, terá a oportunidade de entender um pouco da magia que envolvia a juventude na década de 70.

No final de 74, em meio às comemorações do Natal e a preparação para a chegada de um novo ano, a cidade viveu momentos de glória com a inauguração de uma de suas mais tradicionais casas de entretenimento. Idealizado para ser um ponto de encontro das famílias, o Chopão acabou virando um dos locais preferidos dos jovens de então.

Vivi intensamente essa época de ouro e lembro bem da inauguração da casa. Uma festa concorrida e regada a muito chopp Brahma, oferecido pelos proprietários.

O Chopão, instalado no local onde hoje está a Montreal, bem defronte a antiga e de saudosa memória fonte luminosa, nasceu sob a estigma do sucesso e essa aura perdurou por um bom tempo. 
Diferente de tudo que havia por aqui, com suas mesas ao ar livre, protegidas por guarda-sóis, o Chopão era tudo que os jovens da época queriam, pois oferecia aquilo que todos chamavam de liberdade para se viver intensamente.

Ainda posso ver, em lampejos de memória, o movimento dos carros na praça Bernardino de Campos, que naquela época tinha o tráfego de veículos no sentido inverso ao atual. Ou seja, os carros faziam o trajeto de baixo para cima, passando primeiro pela parte inferior da praça e depois pelo setor de cima.

Naquela época os jovens se reuniam na praça central da cidade e não em postos de combustível, ao longo de avenidas ou na porta de concessionárias de veículos. E, aqueles que consumiam bebidas alcoólicas, utilizavam as mesas dos bares e lanchonetes e não as ruas, e nem atiravam os vasilhames nos locais públicos, prática tão comum nos dias atuais.

Os que tinham carro e dotavam o mesmo de equipamentos de som, optavam por tapes Road Star ou TKR, que eram o que havia de melhor, além de colocar potentes falantes e twitters Selenium, mas tudo dentro do carro. Muito diferente de hoje, tempos em que quem equipa o carro coloca o som do lado de fora e sai pelas ruas com o volume aos berros, evidenciando o mau gosto musical do proprietário do veículo.

Às vezes, quando o sono vai embora e os olhos secam, me pego divagando por esse tempo, que marcou a vida de quem teve o privilégio de vivê-lo, e que me traz nostalgia, saudade e prazer, principalmente prazer de ter vivenciado tudo isso.

A inauguração do Chopão, de propriedade do Sebastião Pompeo, o Dinho, e seus sócios, se deu no final de dezembro e foi bastante concorrida. Lembro que foi uma noite memorável para a cidade, que ganhava um novo ponto de encontro que, junto com o Bar do Edifício, passaria a receber a nata da sociedade e completaria o ciclo que tinha em seu centro o Clube XV de Novembro.

A praça era frequentada, tinha vida própria e inúmeros bares e restaurantes. Além do Bar do Edifício e do Chopão, contava também com o Bar Central, o Cine Bar e o Bar do Odilon, além do Itapira Bar, que estava mudando de mãos e passaria a ser conhecido como Sobradão.


Esse é um tempo que já vai longe, há 40 anos, mas que permanece vivo na memória de quem o viveu. Um tempo diferente e que não volta nunca mais, mas quem teve a felicidade de viver aquele período vai guardá-lo para sempre na memória e no coração.  

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