quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Volta ao mundo da bola

Trabalhar na cobertura de jogos de futebol é algo fascinante. Ganha-se pouco, é verdade, mas em compensação o muito que se aprende, conhece e vivencia é algo pra lá de compensador.

Apesar de fazer parte desse mundo diferenciado desde 86, quando fui contratado por uma emissora de Mogi Mirim para os jogos do Mogi, então recém-promovido à divisão de elite do futebol paulista, foi em 98/99 que vivi meus melhores momentos. Integrando a equipe da extinta Rádio Chamonix, hoje CBN-Mogi Mirim, rodei o mundo (no sentido figurado, é claro), fiz grandes amizades, trabalhei em grandes jogos e conheci lugares inesquecíveis.

Capitaneada pelo falecido Gaspar Luiz, um idealista e maluco, no bom sentido, a equipe reunia os melhores profissionais da região e cobria desde jogos do Amador até final do Mundial Interclubes, no Japão. Toda quarta e domingo, invariavelmente, meu destino era a Capital paulista para comentar jogos do Campeonato Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil, Mercosul ou Libertadores.

Morumbi, Palestra Itália, Canindé, Vila Belmiro, onde quer que fosse o jogo e lá estávamos nós. Nessa ciranda atrás da bola e da informação, conheci e trabalhei em estádios como o Pascoal Guerrero, em Cali, na Colômbia, onde o Palmeiras fez sua primeira partida da decisão da Libertadores de 99.

Era prazeroso atuar ao lado de grandes profissionais e apaixonados pelo rádio esportivo como o também saudoso Valentim Antonio, Batista Gabriel, Paulo Rogério, Paulo Henrique, Léo Santos, Marcelo Moraes, Ivan Rezende, Palma Júnior, Osvaldo Ribas e o próprio Gaspar Luiz. Sem contar profissionais como Valter Abrucez e Beto Vilella, nomes importantes na formatação da equipe e do projeto desenvolvido.

Foram anos de aprendizado e marcantes na minha modesta carreira, mas também recheados de fatos e passagens curiosas, que aos poucos serão rememorados. Como este, narrado pelo jornalista Paulo Rogério Tenório, que trabalhava como repórter naquele jogo.

Jogavam Portuguesa Santista e Mogi Mirim no estádio Ulrico Mursa, em Santos. A Lusinha pressionava o Mogi em busca do gol e, de repente, o atacante surgiu à frente do goleiro Mauro e chutou forte, como dizem os locutores, à queima-roupa. Atento a tudo o que ocorria à sua volta, Paulão ouviu o repórter Jorginho Ferreira, da rádio Cultura, concorrente da Chamonix, descrever o lance: “ele bateu à queima-rosca e o goleiro fez grande defesa...”. Por sua vez, Paulão não pôde descrever o lance para a emissora que defendia.

Afinal, ninguém é de ferro e ele quase morreu de rir. Ficou para a história e para os anais das pérolas do rádio esportivo.


2 comentários:

Palma Junior disse...

Grande Butti... Parabéns por relembrar nesta postagem, momentos da fascinante história da Equipe Bola de Ouro, que despertou em mim, e com certeza tantos outros profissionais que viveram aquilo, uma saudade muito grande de algo que inevitavelmente não se repetirá, de companheiros que se foram, mas de alguma forma estão tão próximos a nós... Se lembra de quando tivemos de dormir no carro, depois de uma partida na capital paulista, num posto de gasolina à beira da Bandeirantes, eu, vc, Batista e Ivan??!! Pois é.. carro velho é isso! Histórias e mais histórias...
Abraços.

Humberto Butti disse...

É isso aí meu amigo, são momentos como esse, que você relembrou e que eu havia esquecido da Caravan velha do Gaspar, que nos dão o suporte para sermos o que somos hoje, tanto pessoalmente como profissionalmente. Obrigado e volte sempre, que teremos mais pérolas para relembrar!

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