Trabalhar na cobertura de jogos de futebol é algo fascinante.
Ganha-se pouco, é verdade, mas em compensação o muito que se aprende, conhece e
vivencia é algo pra lá de compensador.
Apesar de fazer parte desse mundo diferenciado desde 86, quando
fui contratado por uma emissora de Mogi Mirim para os jogos do Mogi, então
recém-promovido à divisão de elite do futebol paulista, foi em 98/99 que vivi
meus melhores momentos. Integrando a equipe da extinta Rádio Chamonix, hoje
CBN-Mogi Mirim, rodei o mundo (no sentido figurado, é claro), fiz grandes
amizades, trabalhei em grandes jogos e conheci lugares inesquecíveis.
Capitaneada pelo falecido Gaspar Luiz, um idealista e maluco, no
bom sentido, a equipe reunia os melhores profissionais da região e cobria desde
jogos do Amador até final do Mundial Interclubes, no Japão. Toda quarta e
domingo, invariavelmente, meu destino era a Capital paulista para comentar
jogos do Campeonato Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil, Mercosul ou
Libertadores.
Morumbi, Palestra Itália, Canindé, Vila Belmiro, onde quer que
fosse o jogo e lá estávamos nós. Nessa ciranda atrás da bola e da informação,
conheci e trabalhei em estádios como o Pascoal Guerrero, em Cali, na Colômbia,
onde o Palmeiras fez sua primeira partida da decisão da Libertadores de 99.
Era prazeroso atuar ao lado de grandes profissionais e apaixonados
pelo rádio esportivo como o também saudoso Valentim Antonio, Batista Gabriel,
Paulo Rogério, Paulo Henrique, Léo Santos, Marcelo Moraes, Ivan Rezende, Palma
Júnior, Osvaldo Ribas e o próprio Gaspar Luiz. Sem contar profissionais como
Valter Abrucez e Beto Vilella, nomes importantes na formatação da equipe e do
projeto desenvolvido.
Foram anos de aprendizado e marcantes na minha modesta carreira,
mas também recheados de fatos e passagens curiosas, que aos poucos serão
rememorados. Como este, narrado pelo jornalista Paulo Rogério Tenório, que
trabalhava como repórter naquele jogo.
Jogavam Portuguesa Santista e Mogi Mirim no estádio Ulrico Mursa,
em Santos. A Lusinha pressionava o Mogi em busca do gol e, de repente, o
atacante surgiu à frente do goleiro Mauro e chutou forte, como dizem os
locutores, à queima-roupa. Atento a tudo o que ocorria à sua volta, Paulão
ouviu o repórter Jorginho Ferreira, da rádio Cultura, concorrente da Chamonix,
descrever o lance: “ele bateu à queima-rosca e o goleiro fez grande defesa...”.
Por sua vez, Paulão não pôde descrever o lance para a emissora que defendia.
Afinal, ninguém é de ferro e ele quase morreu de rir. Ficou para a
história e para os anais das pérolas do rádio esportivo.
2 comentários:
Grande Butti... Parabéns por relembrar nesta postagem, momentos da fascinante história da Equipe Bola de Ouro, que despertou em mim, e com certeza tantos outros profissionais que viveram aquilo, uma saudade muito grande de algo que inevitavelmente não se repetirá, de companheiros que se foram, mas de alguma forma estão tão próximos a nós... Se lembra de quando tivemos de dormir no carro, depois de uma partida na capital paulista, num posto de gasolina à beira da Bandeirantes, eu, vc, Batista e Ivan??!! Pois é.. carro velho é isso! Histórias e mais histórias...
Abraços.
É isso aí meu amigo, são momentos como esse, que você relembrou e que eu havia esquecido da Caravan velha do Gaspar, que nos dão o suporte para sermos o que somos hoje, tanto pessoalmente como profissionalmente. Obrigado e volte sempre, que teremos mais pérolas para relembrar!
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