Minha mãe sempre foi muito apegada aos seus santos. Rezava cedo e
antes de dormir para uma relação enorme deles e também para os parentes e
conhecidos que já haviam partido dessa para melhor.
A lista era tão imensa quanto sua fé nos seus protetores. E essa
fé, de vez em quando, era posta à prova e, muitas vezes, funcionava de verdade.
É verdade que em certas situações nem mesmo sua fé dava jeito. Era
o caso da seleção brasileira em jogos de Copa do Mundo, principalmente na fase
em que a seleção sempre ficava pelo caminho.
Como sempre gostou de futebol, minha mãe não perdia um jogo de
Copa e ficava fula da vida quando alguma tia dela achava de aparecer para uma
visita bem na hora do jogo.
Dia de jogo do Brasil na Copa, então, era uma festa em minha casa.
Tinha pipoca e muita torcida. Minha família se reunia à frente da TV para
torcer e depois sair para ver a festa nas ruas.
Em determinados jogos, quando a coisa começava a ficar preta para
a seleção brasileira, lá ia minha mãe para o quarto dela buscar ajuda com seus
santinhos. Demorava um pouco e lá vinha ela com a imagem de Nossa Senhora
Aparecida, que colocava na mesinha de centro, de frente para a TV.
Quase sempre dava certo e a seleção vencia. Quando perdia, todos
nós, desconsolados, olhávamos para a santa à procura de uma explicação para a
derrota, mesmo sabendo que a culpa era daqueles pernas-de-pau de camisa
amarela. Aí, nem a santa dava jeito e só nos restava esperar por mais quatro
anos até a próxima Copa do Mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário