sexta-feira, 23 de abril de 2010

Nem a santa dava jeito

Minha mãe sempre foi muito apegada aos seus santos. Rezava cedo e antes de dormir para uma relação enorme deles e também para os parentes e conhecidos que já haviam partido dessa para melhor.

A lista era tão imensa quanto sua fé nos seus protetores. E essa fé, de vez em quando, era posta à prova e, muitas vezes, funcionava de verdade.

É verdade que em certas situações nem mesmo sua fé dava jeito. Era o caso da seleção brasileira em jogos de Copa do Mundo, principalmente na fase em que a seleção sempre ficava pelo caminho.

Como sempre gostou de futebol, minha mãe não perdia um jogo de Copa e ficava fula da vida quando alguma tia dela achava de aparecer para uma visita bem na hora do jogo.

Dia de jogo do Brasil na Copa, então, era uma festa em minha casa. Tinha pipoca e muita torcida. Minha família se reunia à frente da TV para torcer e depois sair para ver a festa nas ruas.

Em determinados jogos, quando a coisa começava a ficar preta para a seleção brasileira, lá ia minha mãe para o quarto dela buscar ajuda com seus santinhos. Demorava um pouco e lá vinha ela com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que colocava na mesinha de centro, de frente para a TV.


Quase sempre dava certo e a seleção vencia. Quando perdia, todos nós, desconsolados, olhávamos para a santa à procura de uma explicação para a derrota, mesmo sabendo que a culpa era daqueles pernas-de-pau de camisa amarela. Aí, nem a santa dava jeito e só nos restava esperar por mais quatro anos até a próxima Copa do Mundo. 

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