Aprendi a nadar depois de grande. Pra dizer a verdade, depois dos
40.
Mas na minha infância era comum descer a ladeira São João e
brincar nas águas do ribeirão da Penha. Naquela época, lembro muito bem que a
represa existia e sua queda formava um tipo de piscina no leito do rio,
proporcionando que os pequenos garotos que não sabiam nadar pudessem brincar.
Meu pai não permitia que eu fosse sozinho ou com outros garotos à
represa. E ele tinha razão, afinal eu não sabia nadar e poderia me afogar. Mas ele nunca deixou de nos levar para
brincar no rio.
Enérgico e severo em suas atitudes, principalmente quando a gente
aprontava alguma, meu pai era um cara legal e nunca deixava de fazer o melhor
por sua família. Quando resolvia descer a ladeira era uma festa, pois a gente
sabia que a tarde seria repleta de brincadeiras.
Lembro dos famosos ‘caldos’ que ele me dava e também de entrar no
vão entre a queda d’água e a base da represa. Era de perder o fôlego, mas muito
prazeroso.
Outro dia, uma foto da antiga represa, estampada na coluna do
historiador Plínio Magalhães da Cunha, no jornal Tribuna de Itapira, me
levou àqueles tempos em que piscina só em clube ou casa de gente rica, como
costumávamos dizer. O ribeirão, ali mostrado em sua plenitude, era o local
predileto de quem gostava de nadar ou de uma boa pescaria de lambaris.
Por coincidência, naquela mesma edição do jornal, uma reportagem
alertava para a situação caótica em que se encontra o ribeirão, com seu fio
d’água. A foto principal mostrava o ambientalista Antonio Carlos Avancini, o
Tatão, em pé no meio do leito do ribeirão, onde antigamente a água era
abundante e os peixes também.
Deu tristeza constatar que mais um de nossos pontos de lazer
prediletos está indo embora, enxotado pela ação depredadora do ser humano, que
não pensa nas próximas gerações. Como não há como brecar as ações impostas pela
expansão industrial, o jeito é reviver aqueles bons momentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário