quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A menina magricela de orelhas quase grandes

Sou de um tempo em que se dizia ‘cara de um, focinho do outro’ quando duas pessoas se pareciam. Um tempo em que as pessoas se davam mais, se conheciam mais e se valorizavam mais.

Um tempo bem diferente dos dias atuais, mas que me faz lembrar, mesmo que por alguns instantes, meus tempos de infância. Instantes que me fazem retroceder no tempo e ser novamente um menino magricela de orelhas grandes.

Volto no tempo a cada momento que sento para brincar com minha pequena Mariane. A cada gesto dela me é possível fazer uma analogia entre nós. Não que eu tenha pretensão de afirmar que era tão bonito quando criança ou mesmo que ela tenha orelhas grandes como as minhas, mas as semelhanças são muitas entre as duas figuras.

Seu corpinho miúdo, o rostinho afilado e as orelhas destacadas fazem dela um retrato fiel daquele menino canhoto e miudinho. E essa semelhança enche meu coração de alegria e orgulho, principalmente quando a ouço dizer que sou seu ‘amigãozão’ e ela é minha companheirinha.

Olho para ela, com seu jeitinho meigo de cantar ou desenhar e imediatamente retrocedo no tempo. Vejo aqueles olhinhos brilhantes e atentos a tudo e lembro do meu interesse por tudo que era diferente.

E essa relação, que se estreita a cada minuto que passamos sentados frente a frente com as pernas cruzadas, desenhando, cantando ou, como ela mesma diz, conversando, me faz entender o quanto é bom ser pai.

E, mais do que isso, vivenciar tudo isso em sua plenitude. Poder participar de seu desenvolvimento


E é essa criaturinha magricela de orelhas quase grandes que me renova e revigora minhas forças a cada dia. É dela que saem os fluidos que movem meu corpo e minha mente.

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