Sou de um tempo em que se dizia ‘cara de um, focinho do outro’
quando duas pessoas se pareciam. Um tempo em que as pessoas se davam mais, se
conheciam mais e se valorizavam mais.
Um tempo bem diferente dos dias atuais,
mas que me faz lembrar, mesmo que por alguns instantes, meus tempos de
infância. Instantes que me fazem retroceder no tempo e ser novamente um menino
magricela de orelhas grandes.
Volto no tempo a cada momento que sento
para brincar com minha pequena Mariane. A cada gesto dela me é possível fazer
uma analogia entre nós. Não que eu tenha pretensão de afirmar que era tão
bonito quando criança ou mesmo que ela tenha orelhas grandes como as minhas,
mas as semelhanças são muitas entre as duas figuras.
Seu corpinho miúdo, o rostinho afilado e
as orelhas destacadas fazem dela um retrato fiel daquele menino canhoto e
miudinho. E essa semelhança enche meu coração de alegria e orgulho,
principalmente quando a ouço dizer que sou seu ‘amigãozão’ e ela é minha
companheirinha.
Olho para ela, com seu jeitinho meigo de
cantar ou desenhar e imediatamente retrocedo no tempo. Vejo aqueles olhinhos
brilhantes e atentos a tudo e lembro do meu interesse por tudo que era
diferente.
E essa relação, que se estreita a cada
minuto que passamos sentados frente a frente com as pernas cruzadas,
desenhando, cantando ou, como ela mesma diz, conversando, me faz entender o
quanto é bom ser pai.
E, mais do que isso, vivenciar tudo isso em sua plenitude. Poder
participar de seu desenvolvimento
E é essa criaturinha magricela de orelhas quase grandes que me
renova e revigora minhas forças a cada dia. É dela que saem os fluidos que
movem meu corpo e minha mente.
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