Sou de um tempo em que amizade era para sempre. As pessoas se
conheciam, solidificavam a amizade e ela durava uma eternidade.
Tenho amigos do meu tempo de infância, de
quando ainda era um menino magricela de orelhas grandes. Amizades de mais de 45
anos que permanecem intactas.
São amigos que, mesmo que o tempo passe de
forma implacável, sempre são lembrados e estão guardados em um lugar especial
do coração. E dá para citar tantos amigos que fazem parte desse rol, como por exemplo
o Sérgio Venturini, o Tião Venturini, seu irmão Tadeu, o Fernandinho Venturini,
o Helinho Jacomini e alguns que já partiram desse mundo como o Coca e o Márcio
Venturini, mas que permanecem como integrantes dessa lista.
Acredito que dessa vida iremos levar
poucas coisas. Afinal, não há caixão com gaveta para os bens materiais.
Assim sendo, minha relação de pertences já
está pronta e terá apenas os lugares bonitos que conhecemos, as boas coisas que
fazemos para as outras pessoas e as boas amizades que conquistamos. Por isso,
passei a vida angariando novas e boas amizades, dessas do tipo duradouras, que
o tempo e a distância não conseguem diluir.
E foi assim, pensando sempre dessa
maneira, que fui incluindo nessa lista outros nomes importantes. Amigos que fiz
nos meus tempos de grupo escolar, de ginásio e nas atividades profissionais.
Dia desses, relembrando fatos e passagens
de minha existência, um detalhe curioso me fez voltar no tempo e chamou minha
atenção para meu baú de memórias.
Lembro bem que estava com nove anos e no
terceiro ano do grupo escolar. Naquele ano minha lista de amizades duradouras
ganhou novos integrantes como Maurinho Xavier, Kilão Galdi, Sávio Pegorari,
Luís Paulo Souza Ferreira, Alexandre Caio, Plininho Cremasco, Paulo Zanô e Du Sartori, entre outros.
O detalhe que voltou à minha memória,
embora possa parecer insignificante nos dias de hoje, marcou minha vida de uma
forma especial. Lembro bem que estávamos no período de férias escolares e eu
estava brincando na casa dos Cremasco, onde hoje está a Câmara Municipal.
Estava chegando a hora do almoço e minha hora de ir para casa,
pois sabia que meu pai, quando chegasse do trabalho queria ver os filhos em
casa. Mas, um convite da dona Angelina, mãe do Plininho, para ficar para o
almoço, me fez balançar. Afinal, nunca havia almoçado fora de casa, e isso era
uma novidade na vida daquele menino de apenas nove anos.
Só havia um problema a ser resolvido. Eu
teria que ligar e pedir autorização de minha mãe para poder aceitar aquele
convite.
E a tarefa não era tão fácil assim. Em
casa não tinha telefone e havia a necessidade de ligar na alfaiataria do Hélio
Sígolo, pedir para chamar minha mãe, que por sua vez precisaria ligar para o
meu pai na fábrica de móveis.
Só então, depois de toda essa complicação, é que veio a autorização
e, para minha felicidade, pude sentar à mesa como um convidado especial daquela
família que até hoje faz parte da minha relação de bons amigos. Pessoas
especiais, que sempre me trataram como um membro da família deles.
O tempo passa, mas os bons momentos
permanecem para sempre. Alguns ficam guardados em um canto de nossas mentes
como se estivessem esquecidos, mas vez por outra retornam como fagulhas e
avivam a saudade que nos faz seguir em frente.
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