sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Música e requeijão

Sou de um tempo em que música era algo marcante, assim como um perfume. Um tempo que música era algo que ficava para sempre, bem diferente do que se ouve nos dias de hoje.

Lembro bem dos meus tempos de criança, quando ainda era aquele menino magricela de orelhas grandes, Naquela época o programa da moda era comandado pelo Dácio Clemente, com quem, mais tarde, tive o prazer de trabalhar e que passei a admirar pelo seu profissionalismo à frente dos microfones da Rádio Clube.

Fui crescendo e experimentando outras emoções, descobrindo novas emissoras e ampliando meu mundo radiofônico e meu gosto musical. Aos 14 anos, já na quarta série ginasial no IEEESO, meu gosto musical já havia tomado a forma que permanece até hoje, mais quarenta anos depois.

Lembro bem que minha carteira na escola era a primeira de uma fila que tinha, na sequência, o Rudyard Trani, o Plininho Cremasco, o Alexandre Caio e o Kilão Galdi. Foi um ano marcante em minha vida, talvez o melhor deles, principalmente pela convivência escolar.

Como sempre tinha boas notas e era um dos melhores alunos da classe, me permitia, de vez em quando, uma escapada das aulas para ouvir rádio na casa do Rudyard, que morava na Santos Dumont, no chamado Pito Aceso.
Não fazíamos nada de errado. Afinal, íamos sempre que não havia aula importante. Mas, de qualquer forma, enforcar aula era sempre algo considerado errado por nossos pais.

Embora soubéssemos que estávamos burlando a vigilância deles, nunca íamos direto pra casa do Rudyard. Sempre descíamos a Rui Barbosa até a José Bonifácio para subir a rua principal e depois descer a Comendador João Cintra até chegar ao famoso Pito Aceso.

Nossa rádio preferida era a Excelsior, de São Paulo, conhecida como A Máquina do Som. Sua programação e suas músicas só eram comparadas com o que tocava na Mundial, do Rio de Janeiro, emissora que só se conseguia ouvir à noite.

Ali ficávamos por horas, jogando conversa fora e ouvindo aquelas músicas que me encantavam. Invariavelmente éramos descobertos pela dona Edna, mãe do Rudyard, que depois de nos repreender pelo fato de enforcar aula, nos convidava para um café da tarde, sempre acompanhado por pão com requeijão.

Foram tempos felizes de minha adolescência, tempos que só não prosseguiram porque, no ano seguinte fui para o período noturno para trabalhar durante o dia e meus sonhos de se tornar, talvez, um engenheiro ou um profissional de outra área, acabaram sendo frustrados pela falta de qualidade no ensino e pelo desinteresse que a mudança causou em mim. Até hoje lembro dessa época com muita saudade dos meus tempos de adolescente, que adorava ouvir as músicas que até hoje fazem sucesso e comer aquele pão com requeijão tão saboroso.

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