Sou de um tempo em que o Parque Juca Mulato era circundado por
cedrinhos, formando uma espécie de cerca viva. Um tempo em que as pessoas
respeitavam os logradouros públicos e os mesmos recebiam a atenção que
mereciam.
Lembro bem daquele lugar aprazível, com
suas alamedas bem cuidadas e limpas. Suas luminárias acesas e oferecendo o
clima ideal para quem gostava de sentar nos bancos espalhados pela Avenida dos
Biris.
Como era bom ficar ali naqueles bancos, à
noite, com meus pais, olhando para o bairro do Cubatão. Ouvir o barulho da
represa no ribeirão da Penha e dar asas a imaginação.
Aquele era um tempo em que as pessoas
davam valor a cada espaço dedicado ao lazer. Um tempo em que o vandalismo não
imperava e as pessoas podiam transitar tranquilamente pelas ruas.
Ainda estão em minha memória os momentos
de alegria nos brinquedos do parque. Balanços, gangorras e escorregador que
ficavam fora do parquinho infantil e mesmo assim estavam livres da ação dos
vândalos.
Eram tempos felizes para aquele menino
magricela de orelhas grandes. Tempos em que havia respeito entre as pessoas e
também para com a natureza e os bens públicos.
Hoje, quando vou ao parque aos domingos
para proporcionar à minha pequena Mariane momentos de alegria nos brinquedos do
parque, olho com tristeza para o espaço dedicado ao lazer das crianças. Vejo
aqueles brinquedos caindo aos pedaços, sujos e maltratados pelo homem e pelo
tempo, e lembro da época em que ainda era um menino.
Volto no tempo e tento reconstruir tudo
para que as crianças de hoje possam brincar com tranquilidade, sem o perigo de
encontrarem pelo chão as embalagens que acondicionam drogas e que proliferam
por todos os cantos. Varro o chão com os olhos na tentativa de tirar os cacos
de vidro deixados na noite por frequentadores que ali vão para se drogar e se
embebedar.
Como é triste ver tudo aquilo que foi
construído pela natureza e pelo homem, agora sendo deteriorado sem que alguém
faça alguma coisa. A única esperança é que, algum dia, alguém com poderes para
mudar a situação passe por aquele local e relembre de sua infância.
Quem sabe assim, relembrando os momentos
felizes que tenha passado naquele local em sua infância, faça valer sua força e
lute pelas melhorias que as crianças merecem. Talvez, só assim algo poderá ser
feito para recuperar um espaço tão nobre e que faz parte da vida de cada um de
nós.
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