sábado, 9 de abril de 2011

Meu nome

Sou de um tempo em que nome do filho era escolhido pelo pai. A mãe até dava palpite, mas era o pai quem dava a última palavra quando era um menino que vinha ao mundo.

Comigo não foi diferente. Quando vim ao mundo, apesar de alguns palpites extras, foi meu pai quem escolheu que eu chamaria Humberto.

Minha avó Leonor, muito religiosa, até quis que meu pai colocasse Domingos Sávio, mas entre o terço e a bola, prevaleceu esta última. A escolha recaiu sobre o nome do centroavante do Palmeiras, time pelo qual meu pai torcia.

Humberto Tozzi era o principal atacante do Palmeiras na década de 50 e meu pai, um palmeirense roxo, não pensou duas vezes para homenagear seu ídolo colocando o nome dele no filho que acabava de nascer.

Claro que essa paixão pelo Palmeiras passou de pai para filho. E, quando comecei a entender as coisas, já era palestrino de corpo e alma, com direito a uniforme e tudo.

E, como naquela época era bem diferente dos dias atuais, em que jogador troca de camisa como troca de roupa e torcedor vira casaca a todo instante, permaneci fiel ao clube que escolhi. E, claro, tinha orgulho de responder sobre a origem do meu nome.

Meu pai, orgulhoso de ter um filho com o nome de um jogador de seu Palestra, me levava para todos os cantos e, se possível, com a camisa do Palmeiras. Não foram poucas as vezes que posei, como mascotinho, ao lado dos times que meu pai defendeu.

Até hoje, quando alguma dessas fotos antigas sai na coluna do Arlindo Bellini, posso ver aquele menino magricela de orelhas grandes com a camisa do Palmeiras. E como tenho saudade daquele tempo.

Lembro bem de muitas passagens daquela época e muitas delas envolvendo minha paixão pelo time de Palestra Itália. Momentos que ficaram registrados em minha memória.

Lembro com clareza de uma passagem ocorrida no antigo Itapira Bar, comandado pelo Alberto Baldissin. Como sempre fazia quando ia àquele local, meu pai me levou a tiracolo e eu, pra variar, vestia minha inseparável camisa verde.

Um amigo de meu pai, que no momento não recordo o nome, começou a me provocar dizendo que eu devia trocar de time e passar a torcer pelo São Paulo. Claro que não aceitei de forma alguma.

Mas a provocação continuou e, na tentativa de me persuadir a mudar, aquele amigo de meu pai propôs me presentear com o uniforme completo do São Paulo, incluindo as chuteiras, caso eu topasse a parada. Sem pensar duas vezes, agradeci a oferta e finquei pé na minha preferência pelo Palmeiras.

Até mesmo meu pai, palmeirense roxo, tentou me fazer mudar de idéia, mas eu, firme como uma rocha, permaneci fiel ao meu time do coração. Mesmo sabendo que iria perder aquele presente.

Fosse hoje e qualquer garoto não pestanejaria e mudaria de clube na hora. Mas, eu não, fui fiel à minha origem.


Afinal, já imaginaram eu ter o nome do centroavante do Palmeiras e torcer pelo São Paulo? Nem pensar.

2 comentários:

anamariasoriani@hotmail.com disse...

A maioria dos descendentes de italiano é palmeirense,meu pai me levava ao Parque Antártica qdo ia visitar meus tios, que alegria ver o Ademir da Guia, o Dudu em 66! O que prejudica o Palmeiras são aqueles diretores que ficam brigando o tempo todo,o que reflete no time.Amo muito o Verdão!

Humberto Butti disse...

Você tem toda razão em tudo, principalmente na porcaria (sem qualquer analogia com o Porco) que é a diretoria do Palmeiras.

A quarta série ginasial

Faz tempo que isso não ocorre, mas um tempo atrás eu vivia sonhando que estava nas dependências da escola onde cursei o ginasial e também ...