sábado, 20 de fevereiro de 2010

O verdadeiro Carnaval

Na segunda metade da década de 80 o Carnaval de Itapira era tido como um dos melhores da região. Suas escolas de samba disputavam, ponto a ponto, as notas dos jurados e o título de campeã.

Essa disputa, nem sempre saudável, fazia com que a cidade se transformasse no centro das atenções. Afinal, além de grandes atrações dos desfiles, os clubes lotavam com os bailes carnavalescos. Centrão e Santa Fé recebiam grandes lotações e quem morava fora vinha para os bailes, para desfilar nas escolas ou simplesmente assistir aos desfiles.

Era o tempo da Unidos da Nove de Julho, Imperatriz da Santa Cruz, Acadêmicos da Vila Ilze, Mocidade Alegre da Vila Boa Esperança, Mocidade Unida da Vila Bazani e outras menos votadas. Aliadas aos blocos dos Bichos e Nheco, levavam multidões às arquibancadas da praça Bernardino de Campos.

Eu, como repórter do jornal Cidade de Itapira e da Rádio Clube, me via envolvido com toda a festa, pois integrava a equipe do jornal que ia às ruas para cobrir os desfiles e participava das transmissões da Clube. Adilson Ravetta, Gordo Moraes, Fifo, Bujija, Neguinho, Claudio Maria, Paulinho Manha, Mano Colferai e tantos outros nomes eram as estrelas maiores desse espetáculo que culminava com a apuração na noite de quarta-feira de Cinzas, na Casa da Cultura João Torrecillas Filho.

Um tempo de Carnaval que marcou época e que não volta mais. Hoje os tempos são outros. Outros nomes, outras escolas, outras cabeças e pensamentos, outros interesses.

Tentar reeditar antigos Carnavais é pura perda de tempo. É um tempo que já passou e não tem como trazê-lo de volta.

Seria o mesmo que querer escalar a Vermelhinha com Luizinho Pasté, Nelsinho, Almir, Toninho Bellini, Mineiro, Tuia, Flávio Boretti, Dado e outros craques do passado.

Hoje, a realidade do Carnaval itapirense é essa que vemos a cada ano. Com raríssimas exceções, é tudo feito de última hora e na base do ‘apoio cultural’ da administração municipal. Ou seja, se não tem dinheiro do poder público, não tem desfile.

Essa realidade precisa mudar e de forma urgente. Mas não é tentando resgatar o que foi bom, mas já passou. O jeito é seguir adiante, buscar novas atrações, novas fórmulas, como algumas cidades, que preferem o famoso trio elétrico e o povão atrás, pulando e se divertindo.

É uma fórmula viável, que merece ser pensada. Além de agradar quem gosta de diversão, irá suprir a falta dos bailes carnavalescos, atrairá novamente os itapirenses que residem em outras localidades, incrementará a vinda de turistas, dará um novo tom ao Carnaval de rua e muito menos custo e dores de cabeça aos organizadores. Basta uma boa dose de segurança.

Caso contrário, a mesmice continuará imperando, onerando os cofres públicos e desagradando gregos e troianos. Além de obrigar quem abre a torneira ainda ser obrigado a ouvir que o poder público precisa dar mais apoio, ou seja, mais dinheiro.

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