sexta-feira, 25 de março de 2011

Branca de Neve

Sou de um tempo em que estórias infantis eram contadas por nossas mães. Um tempo em que não se tinha os recursos de hoje, como TV, DVD ou computador e a mãe usava a imaginação para passar ao filho todos os detalhes de cada fábula.

Lembro bem desse tempo. Das riquezas de detalhes que as estórias que minha mãe contava continham.

Hoje, com todos os recursos tecnológicos possíveis, a tarefa ficou mais fácil. Basta ligar a TV e o aparelho de DVD e a estória está ali, pronta para ser vista e ouvida.

Uma de minhas estórias prediletas sempre foi Branca de Neve e os Sete Anões. Talvez pela forma que minha mãe contava, com riqueza de detalhes.

Lembro que ela sempre frisava que a casa dos anõezinhos tinha sete cadeirinhas e sete caminhas. E na mesa eram sete pratinhos, com sete garfinhos e sete copinhos.

Era fechar os olhos e imaginar tudo aquilo. Sua forma de contar ainda hoje permanece em minha memória e me inspira na hora de contar as estórias para minha filha.

E, por coincidência ou não, minha pequena Mariane também tem predileção pela Branca de Neve e os Sete Anões. Até mesmo seu fascínio pelo inocente Dunga - não aquele da Copa do Mundo – repete meus passos na infância. Isso me faz voltar aos meus tempos de infância, quando eu ainda era um menino magricela de orelhas grandes.

Naquele tempo, sem os recursos de hoje, minha imaginação viajava enquanto minha mãe contava a estória com todos os detalhes. E como era bom ouvir aquilo, poder criar em minha mente as formas descritas por ela para cada personagem.

Mais tarde, quando o extinto Cine Paratodos, um dos cinemas da cidade daquela época, exibiu a fábula adaptada pelos Irmãos Grimm e incrementada pelos estúdios do fabuloso Walt Disney, pude ver como minha mãe realmente tinha um dom especial para detalhar as fábulas.
Olhando naquela telona e visualizando os personagens era como se estivesse ouvindo minha mãe ao fundo, contando o desenrolar da estória da bela moça acolhida pelos pequeninos.

Curiosamente, ainda hoje, quando vejo e revejo o filme ao lado de minha filha, é como se estivesse ouvindo a descrição de minha mãe. Parece que ela está ali, ao nosso lado, nos contando a fábula mais famosa do mundo.

E como é bom ouvir minha pequenina imitando os personagens, repetir a fala da bruxa, quando ela diz que Branca de Neve será sepultada viva, ou cantar a canção dos anões retornando para casa. Sua cabecinha recheada de imaginação até criou uma versão especial para quando estamos indo para a escola.

São momentos que me fazem voltar aos meus tempos de criança. Tempos que ficaram perdidos no passado, mas que retornam de forma veloz a cada fagulha de lembrança que as eternas fábulas provocam.


Viajo no tempo e me vejo no colo de minha mãe, ouvindo atentamente cada detalhe narrado por ela. O tempo é implacável em muitos sentidos, mas não consegue apagar as boas lembranças que guardamos de tempos felizes.

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