Sou de um tempo em que escola particular era a forma encontrada
pelos pais para dar continuidade ao estudo dos filhos que não se saíam bem na
escola pública. Um tempo em que o ensino gratuito superava em muito aquilo que
era oferecido onde se pagava para estudar.
Lembro bem de meus anos nos bancos
escolares. Um tempo importante e que foi a base do pouco que sei.
Antes de completar sete anos, quando eu
ainda era um menino magricela de orelhas grandes, rumei todo imponente em meu
uniforme para o Grupo Escolar Dr. Júlio Mesquita. Apesar de não saber o que
iria encontrar pela frente, tinha certeza de que iria gostar.
Aprendi a escrever e a ler pelas mãos e a
sabedoria de dona Ismaelina Proença Pinto. Uma senhora que era tudo que um
aluno de primeiro poderia querer, tamanha bondade e paciência.
Nos anos seguintes, já craque nas contas e
na leitura, o aprimoramento veio com as professoras Genny Piva Zázera, Gilmery
Vasconcellos Pereira Ulbricht e Ivone Pegorari Vieira. Todas também importantes
para minha formação escolar.
Lembro como se fosse hoje daqueles tempos
que ficaram lá atrás. Um tempo em que o aluno tinha que estudar de fato para
tirar nota se quisesse passar de ano e não ser rotulado de repetente.
E como dava orgulho poder colocar uma
listra azul a mais no bolso da camisa. Poder responder que havia passado de ano
e cumprido com o dever de bom aluno.
Ainda hoje, quando passo defronte ao
prédio secular da escola ou entro para exercer o direito do voto posso sentir o
clima daqueles quatro anos que marcaram minha infância. E como tenho saudade
daquele tempo.
Parece que ouço o burburinho do recreio ou
a voz grave das professoras se empenhando em passar aos alunos a lição do dia.
É como se estivesse ali, sentando na carteira, com minha camisa extremamente
branca e meu short azul marinho.
Meu pensamento voa e me transporta para a
fila formada no galpão do recreio para a entrada para as classes. Ainda posso
ouvir o hino nacional ou da Independência ou mesmo o hino à Bandeira, que eram
entoados antes da entrada.
E tudo era feito dentro do mais profundo
respeito, tanto ao símbolo nacional como à professora que nos conduzia. Não
havia algazarra ou bagunça.
Se pudesse voltar no tempo certamente não
perderia a oportunidade de voltar àquela escola e ler minha cartilha Caminho
Suave. Subiria correndo o escadão da ladeira São João para chegar logo ao grupo
escolar.
Iria ouvir atentamente os ensinamentos de minhas professoras para angariar um pouco mais de saber.
Recitaria novamente a poesia sobre o descobrimento do Brasil e me sentaria nos
bancos do recreio para saborear o lanche preparado por minha mãe para o
intervalo.
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