Nunca fui um craque da bola, mas tinha meus predicados. Na
infância e começo da adolescência, além do Palmeiras, meu time era o
Paulistinha.
Formado na rua de casa, no quarteirão da Comendador João Cintra,
entre a XV de Novembro e a Ladeira São João, nosso time era temido em todos os
cantos da cidade e na zona rural também.
E era no campinho, que nós mesmos cuidávamos, ali pertinho do
ribeirão da Penha, onde hoje passa a avenida dos Italianos, que nosso time
treinava no final da tarde e jogava aos domingos. Com a camisa vermelha,
tingida e com números feitos com tinta de pintar carroceria de caminhão, nosso
Paulistinha dificilmente era batido.
Grandes valores passaram pelo time, como a família Venturini, que
colaborava com a maior parte dos jogadores com o Fernandinho (Déo), Tadeu,
Tião, Sérgio e o Zé Antonio. Mas tinha também os irmãos Tonho e Wilson
Coelho, o Vanderlei Zangelmi, o Coquinho Galizoni e o Vicente Gomes
(Pifu). Alguns, como o Tião e o Tadeu, depois vestiram a camisa do Itapira AC
no futebol profissional.
Como era bom descer a avenida Brasil e passar pelo caminho que
tinha ao lado da antiga fábrica de estofados da Jupira. Por ali tínhamos acesso
ao nosso campo, que quando chovia virava um lamaçal, mas que era tudo para nós.
Os garotos de hoje, com chuteiras e caneleiras de última geração,
talvez nem façam idéia de como era jogar em um campo com gramado e piso
irregular, onde muitas vezes a bola tomava outra direção depois de se deparar
com um obstáculo. São outros
tempos, felizes de verdade, mas que hoje só despertam as lembranças que teimam
em não sair da nossa memória.
Hoje, quando me deparo com os problemas que a vida nos impõe,
busco nos tempos de outrora a força para continuar caminhando, sem esmorecer ou
desistir. Às vezes, quando sinto que as forças estão se esvaindo e penso em
pendurar as chuteiras da vida, busco nos bons momentos do passado as forças que
necessito para renascer e continuar em frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário