Cresci em uma família que sempre lutou muito para dar o
melhor para os filhos. Desde pequeno aprendi que nada caía do céu ou vinha de
mão beijada, como se dizia antigamente.
Meu pai era empregado na fábrica de móveis Santa
Terezinha, que naquela época era de propriedade do Aníbal Cremasco, o Bacuri, e
ficava lá no final da Rua Comendador João Cintra, onde passa o córrego Lavapés,
ou o riozinho, como é conhecido. Lembro que cada vez que chovia forte e isso
ocorria invariavelmente de madrugada, lá ia meu pai rua abaixo ajudar a
levantar os móveis para que a água do riozinho não estragasse tudo.
Minha mãe, embora não trabalhasse fora, era quem cuidava
para que tudo desse certo, a comida rendesse, o dinheiro fosse suficiente e as
coisas andassem da melhor maneira possível. Enfim, era quem usava a cabeça.
Até meus nove anos nossa casa era a casa da minha avó
Carmela, mãe da minha mãe. Nesse período algumas mudanças ocorreram e posso afirmar
que para melhor. Meu pai, ao lado de outros seis empregados – Ulisses Ravetta,
Francisco Tossini, Orlando Sartori, Atílio Avancini Neto (Tila), Joaquim
Norberto Bayod (Beti) e Adilson Ravetta -, entrou no negócio que resultou na
compra da fábrica.
Mesmo não tendo o dinheiro suficiente para bancar sua
parte, pôde efetuar o negócio graças à ajuda da sogra, que tinha suas economias
e emprestou o valor necessário. Uma nova fase se iniciava e depois de um tempo
meu pai devolveu o valor que minha avó havia emprestado.
Depois desse período minha avó não durou muito e
acometida de um câncer acabou indo para o andar de cima. Aí surgia outro
problema, pois morávamos na casa que lhe pertencia e que os seis irmãos da
minha mãe também tinham parte.
Convencido pela minha mãe que deveria comprar as partes,
lá foi meu pai em busca da concretização do sonho da esposa. Afinal, tinha
ouvido dela que só sairia daquela casa, onde nascera, direto para o cemitério.
Diante de um ultimato desses, só lhe restou correr atrás.
Mas minha mãe também deu sua contribuição, pois tinha uma casinha na rua acima
do supermercado Bilato comprada com as economias que amealhou durante o período
em que trabalhou na Fábrica de Chapéu Sarkis e o dinheiro arrecadado com a
venda ajudou meu pai a comprar as partes.
Tudo isso me fez aprender que, se nada na vida vem fácil,
tudo pode ser conquistado desde que haja fé em Deus e vontade de realizar. E
isso continua me guiando até hoje.
Sei que nada é fácil, que tem dia que dá vontade de
desistir de tudo e, como se diz na gíria do futebol, pedir pra ir no banheiro e
ir embora de vez. Mas ai vem tudo isso que aprendi e vejo que devo continuar
lutando, lembrar que tenho uma filha que depende de minha vontade de lutar e
vencer e tudo fica mais fácil e claro.
Agradeço todos os dias a Deus por ter me dado a
oportunidade de aprender com meus pais que nada na vida é fácil. E agradeço por
Ele me dar saúde para enfrentar as bravatas que a vida nos impõe e sigo em
frente com a certeza que lá de cima, onde estão, meus pais sempre irão guiar
meus passos.
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