terça-feira, 5 de março de 2019

62, 70, 94, 2002...


Em 1958, embora eu já tivesse nascido, não teria como viver as emoções da conquista do título mundial. Tinha apenas um ano e era novo demais para comemorar alguma coisa.
Em 1962, com cinco anos, lembro apenas da final entre Brasil e Tchecoslováquia. Ouvi o jogo sentado na calçada do outro lado da rua, em frente onde foi a alfaiataria do Hélio Sígolo por muito tempo, no rádio Hitachi do meu pai.
O tricampeonato conquistado em 70 foi um marco na minha vida. Eu tinha 13 anos e vi as partidas pela TV.
Lembro que minha casa estava em reforma e meus pais, minhas irmãs e eu ficamos morando no cômodo da frente, onde antes era um depósito do Buraco da Onça e, depois da reforma, virou a garagem e o abrigo de casa. Ali vi todos os jogos, todas as vitórias e vibrei com a conquista do título por Pelé e companhia.
Vinte e quatro anos se passaram até a conquista do tetra em 94 nos gramados norte-americanos. Mas, as cinco copas entre uma conquista e outra foram intensamente vividas por mim, cada uma com suas peculiaridades.
O penta, em 2002, vi em Mogi Mirim, onde morei por 10 anos. Vibrei com os gols de Ronaldo e as jogadas de Rivaldo, um craque que vi chegar no Mogi Mirim e acompanhei até alcançar o sucesso na Espanha, primeiro no La Coruña e depois no Barcelona.
Mas, apesar de não ter visto a Copa de 58, talvez tenha sido aquela que gostaria de ter visto. Sou saudosista e com certeza a década de 50 é aquela que eu gostaria de ter vivido.
Tenho certeza que foi um tempo repleto de romantismo, de pessoas de bem. Um tempo em que havia mais interação entre as pessoas, mais respeito e, principalmente, mais valorização do ser humano.
Não vivi aquele tempo, não comemorei o título de 58, não vi Bellini erguer a taça. Mas quando o capitão foi embora desse mundo e o cortejo parou em frente a casa onde seus pais residiam, na José Bonifácio, onde hoje está a Relojoaria Lalo, algo me tocou e pude me sentir como se estivesse retroagido no tempo e preenchido essa lacuna que sempre senti.
Talvez eu trocasse todas as emoções sentidas nos quatro títulos seguintes pela chance de ter visto e me emocionado com aquele momento único. Esse talvez seja o motivo principal de minhas constantes pesquisas sobre aquela Copa disputada em gramados suecos.

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