terça-feira, 5 de março de 2019

Avenida sem biris


A Avenida dos Biris sempre foi um dos pontos principais da cidade. Sua vista para a parte baixa que compreende o Cubatão, parte dos Prados e até a Vila Izaura, sempre foi algo deslumbrante, principalmente no nascer do sol, que desponta atrás das montanhas.
Suas frondosas árvores, que deram o nome ao logradouro, além de enfeitar, protegiam a encosta e ofereciam às crianças os biris que serviam para diversas brincadeiras. Desde a curva onde começa o barranco que divide o parque da Avenida Brasil, até quase onde hoje está a lanchonete, tudo era bem diferente.
A partir da luminosa ideia que alguém que se acha dono da cidade teve de mudar a avenida, acabou-se o que era doce. A Avenida dos Biris perdeu suas árvores frondosas, as crianças perderam seu brinquedo, a natureza perdeu o sentido e tudo ficou igual a qualquer outro lugar.
O encanto do local era a sua cara de natureza, os raios de sol entre os galhos dos birizeiros, a brisa soprando suas folhas, aquele ar bucólico e a vista que tudo isso proporcionava para quem por ali passava. Hoje, o que restou disso foi apenas a vista da parte baixa da cidade, algo que ser humano nenhum, nem mesmo aqueles que se acham donos de tudo, podem tirar.
Para quem não sabe, o birizeiro é uma árvore rara encontrada no cerrado, principalmente em Mato Grosso. Acabar com elas, além de acabar com um dos cartões postais da cidade, foi agredir a natureza. Qual cidade tem ou tinha árvores tão belas enfileiradas em uma avenida?
Hoje, a encosta do parque é cercada por uma mureta com balaústres, que serve apenas para que o lixo depositado por vândalos e negligentes fique escondido. Mas, quem se debruça na tal mureta para observar a vista, se olhar para baixo com certeza irá se deparar com uma montanha de garrafas pet, copos, sacolas plásticas, entre outros detritos.
Será que um dia o ser humano voltará a ter consciência que não se deve mexer com a natureza, mesmo que seja para se autopromover? Mexer no que é belo aos olhos de quem vê deveria ser crime inafiançável, pois só assim nossos patrimônios jamais seriam destruídos.

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo em gênero, número e grau. Coisas belas deveriam ser protegidas e perenes. Á medida da necessidade poderiam ser substituídas por novas mudas da mesma família. Se não protegermos o que é nosso, quem irá proteger. Muito bem escrito ,um verdadeiro poema. Parabéns. Odair

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