A Avenida dos Biris sempre foi um dos pontos principais
da cidade. Sua vista para a parte baixa que compreende o Cubatão, parte dos
Prados e até a Vila Izaura, sempre foi algo deslumbrante, principalmente no
nascer do sol, que desponta atrás das montanhas.
Suas frondosas árvores, que deram o nome ao logradouro,
além de enfeitar, protegiam a encosta e ofereciam às crianças os biris que
serviam para diversas brincadeiras. Desde a curva onde começa o barranco que
divide o parque da Avenida Brasil, até quase onde hoje está a lanchonete, tudo
era bem diferente.
A partir da luminosa ideia que alguém que se acha dono da
cidade teve de mudar a avenida, acabou-se o que era doce. A Avenida dos Biris
perdeu suas árvores frondosas, as crianças perderam seu brinquedo, a natureza
perdeu o sentido e tudo ficou igual a qualquer outro lugar.
O encanto do local era a sua cara de natureza, os raios
de sol entre os galhos dos birizeiros, a brisa soprando suas folhas, aquele ar
bucólico e a vista que tudo isso proporcionava para quem por ali passava. Hoje,
o que restou disso foi apenas a vista da parte baixa da cidade, algo que ser
humano nenhum, nem mesmo aqueles que se acham donos de tudo, podem tirar.
Para quem não sabe, o birizeiro é uma árvore rara encontrada
no cerrado, principalmente em Mato Grosso. Acabar com elas, além de acabar com
um dos cartões postais da cidade, foi agredir a natureza. Qual cidade tem ou
tinha árvores tão belas enfileiradas em uma avenida?
Hoje, a encosta do parque é cercada por uma mureta com
balaústres, que serve apenas para que o lixo depositado por vândalos e
negligentes fique escondido. Mas, quem se debruça na tal mureta para observar a
vista, se olhar para baixo com certeza irá se deparar com uma montanha de
garrafas pet, copos, sacolas plásticas, entre outros detritos.
Será que um dia o ser humano voltará a ter consciência
que não se deve mexer com a natureza, mesmo que seja para se autopromover?
Mexer no que é belo aos olhos de quem vê deveria ser crime inafiançável, pois
só assim nossos patrimônios jamais seriam destruídos.
Um comentário:
Concordo em gênero, número e grau. Coisas belas deveriam ser protegidas e perenes. Á medida da necessidade poderiam ser substituídas por novas mudas da mesma família. Se não protegermos o que é nosso, quem irá proteger. Muito bem escrito ,um verdadeiro poema. Parabéns. Odair
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