Um dia todo mundo vai embora desse mundo. Essa é a única
certeza que temos durante nossa passagem por essas bandas.
Se vamos ser ricos ou pobres, só Deus sabe. O certo é que
quando fizermos o embarque para a última viagem, o caixão, aquele em que nossos
restos mortais serão colocados, não terá gaveta, cabide, cofre ou
estacionamento.
Nunca me prendi por bens materiais, sempre quis ter
apenas aquilo que provém, o que dá para o sustento, principalmente de minha
pequena Mariane. Fui constatar isso somente depois que me tornei pai.
O dinheiro é bom? Sim, não nego. Mas é o mais importante
de todos os bens? Nem de longe.
Para mim, o que vale mesmo são os princípios, a
consciência tranquila e o sentimento do dever sendo cumprido a cada etapa. De
nada adianta ser abastado se o espírito é pobre.
Sou capaz de dar tudo que possuo para ver a felicidade de
alguém que esteja necessitado. Talvez por isso nunca tive muito ou apenas
aquilo que era o suficiente.
Nunca fui escravo do dinheiro e nunca serei. Posso passar
necessidade, deixar de comer, contanto que quem dependa de mim tenha o
necessário.
Já passei por muitas etapas de penúria nessa vida e não
culpo esse ou aquele, a não se eu mesmo, por isso. Mas, a partir do momento que
do meu lado tinha um ser indefeso e que dependia de mim, enfrentei e venci
inúmeros leões diariamente.
Tenho orgulho de ter sobrevivido a tantas etapas
difíceis, como quando me vi sem emprego por ter sido dispensado do meu trabalho
na administração municipal meramente por questões políticas. Sai do paço
municipal com uma mão na frente e a outra segurando a mão da minha pequena,
ciente de tudo que teria pela frente e estou aqui, cada vez mais forte.
Não poupo esforços para que ela tenha a melhor escola,
boas roupas, um lar, comida decente e carinho, principalmente carinho. O resto,
como se diz, eu corro atrás.
O dia em que me sentir incapaz de oferecer a ela tudo o
que merece, então estará chegada a hora de embarcar naquele caixão sem cofre,
sem gaveta, cabide ou estacionamento. Irei sim, mas irei feliz, sabendo que
nunca deixei de me doar para ver alguém feliz e isso se chama riqueza de
espírito.
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