terça-feira, 5 de março de 2019

Carnaval de rua e a disputa das escolas de samba

Tudo começou com o Broskio da Negada. Um bloco carnavalesco criado em meados da década de 70 e que pode ser considerado o ponto de partida para a era de ouro do Carnaval de rua de Itapira.

Formado por jovens da época, o Broskio era a grande atração do carnaval itapirense naquela época. Sua contribuição para o crescimento da festa popular na cidade é inestimável e foi dele que nasceu a inspiração para a criação de escolas de samba.

Na segunda metade da década de 80 o Carnaval de Itapira era tido como um dos melhores da região. Suas escolas de samba disputavam, ponto a ponto, as notas dos jurados e o título de campeã.

Essa disputa, nem sempre saudável, fazia com que a cidade se transformasse no centro das atenções. Quem morava em outra cidade vinha para os bailes, para desfilar nas escolas ou simplesmente assistir aos desfiles.

Era o tempo da Unidos da Nove de Julho, Imperatriz da Santa Cruz, Acadêmicos da Vila Ilze, Mocidade Alegre da Vila Boa Esperança, Mocidade Unida da Vila Bazani e outras menos votadas. Aliadas aos blocos dos Bichos e Nheco, levavam multidões às arquibancadas da praça Bernardino de Campos.

Adilson Ravetta, Gordo Moraes, Fifo, Bujija, Neguinho, Claudio Maria, Paulinho Manha, Mano Colferai e tantos outros nomes eram as estrelas maiores desse espetáculo que culminava com a apuração na noite de quarta-feira de Cinzas, na Casa da Cultura João Torrecillas Filho.

A partir do início de janeiro as escolas buscavam o que havia de melhor no que diz respeito a passistas, músicos, cantores e alegorias com o intuito de vencer a disputa. Colocavam seus blocos na avenida as escolas como Nove de Julho, Imperatriz da Santa Cruz, Mocidade Alegre da Vila Boa Esperança, Acadêmicos da Vila Ilze, Unidos da Vila Bazani e outras menos votadas.

A multidão que lotava as arquibancadas montadas na Praça Bernardino de Campos delirava durante a passagem da escola preferida. Sem falar do Bloco dos Bichos e suas sátiras e a Banda do Nheco, que nasceu na década de 80 e ainda hoje encanta crianças e adultos.

A disputa das escolas era tão intensa que a Rádio Clube de Itapira dedicava boa parte de sua programação na divulgação das escolas e seus sambas de enredo. Os programas Clube do Ouvinte, do Dácio Clemente, pela manhã, e Super Plá, comandado por Paulo Marin, à tarde, atendiam ouvintes pelo telefone e entre as músicas pedidas estavam os enredos das escolas locais, normalmente gravados em estúdios profissionais.

Sem contar que à noite a emissora abria espaço para os programas carnavalescos comandados pela Conceição Pavezzi Dantas, que entrevistava dirigentes, passistas, costureiras e quem quer que fosse, desde que estivesse envolvido na folia. A audiência era maciça devido ao grande apelo popular que o Carnaval sempre teve na cidade.

Itapira, naquela época, vivia de forma intensa o Carnaval. Mas tudo isso acabou ficando no passado. O Carnaval de rua também perdeu o encanto. As arquibancadas, apesar da gratuidade, só lotam nas noites em que a Banda do Nheco se apresenta.

As escolas fecharam suas portas e apenas algumas insistem em desfilar, mais pela garra de alguns abnegados. A Rádio Clube, apesar de transmitir os desfiles, quando eles ocorrem, não enfatiza mais o Carnaval em sua programação, mesmo porque não há o que divulgar ou quem entrevistar.


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