Era uma vez um grupo de garotos que residiam no mesmo
quarteirão. Todos eles tinham a mesma paixão: a bola.
Se fosse um conto ou uma fábula, bem que poderia começar
assim, mas o fato é que tudo isso é real. Éramos garotos e, como a maioria
deles, gostávamos de jogar futebol.
Naquele tempo qualquer terreno baldio servia para nossas
peladas, transformadas em nossa imaginação em verdadeiros clássicos. Até mesmo
a rua de casa, pavimentada com paralelepípedos disformes, era palco para nossos
jogos noturnos.
Mas havia também os jogos contra times de outros bairros
e nessas ocasiões era necessário ter nosso uniforme. Jogar sem camisa ou com a
roupa do corpo não era de bom tom e havia a necessidade de um uniforme, mesmo
que fossem somente as camisas.
E tínhamos também os dias de glória, esperados meses a
fio, que era o momento de subir o escadão da Ladeira São João para enfrentar o
time do Parque Infantil Narciso Pieroni. A disputa por vaga na fila para
enfrentar o time do parquinho era árdua, tinha muitos times que queriam jogar
naquele campinho gramado com traves pintadas em verde escuro.
Nossa sorte mudou quando o José Eduardo Rocha, que era
nosso vizinho de quarteirão, ganhou um uniforme de presente. Eram sete camisas
brancas com golas vermelhas em V e uma camisa de goleiro.
Era o que bastava para vestir nosso time. No campinho do
parque jogavam sete na linha e um no gol.
Era difícil ganhar daquele time, mas nossa estatística no
confronto era das melhores, com equilíbrio entre vitórias e derrotas. Sempre
com nosso garboso uniforme branco de golas vermelhas.
Lembro de uma manhã qualquer de um dia de semana que
fomos até o caminho perto do cemitério enfrentar o time do bairro. Chegamos na
perua Kombi do Tinho Venturini e já descemos para o campo uniformizados.
Vencemos por 2 a 1 em um jogo difícil. No primeiro tempo
joguei na linha e contribui com um gol de cabeça, no segundo tempo fui para o
gol para revezar e dar vez para quem estava na posição poder jogar na linha
também e acabei defendendo um pênalti.
São momentos inesquecíveis para aquele menino magricela
de orelhas grandes que um dia envergou uma camisa branca de golas vermelhas e
defendeu o time da sua rua como se estivesse jogando um clássico. Momentos
inesquecíveis que jamais deixarão de ser lembrados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário