terça-feira, 5 de março de 2019

Alma pura, coração de ouro


Conheci Leo Santos em 82 durante os Jogos Regionais da Zona Leste que Itapira sediou, naquele ano, pela primeira vez. Eu fazia um bico pelas ondas da Rádio Clube e ele era fotógrafo do jornal Cidade de Itapira.
Nossa amizade nasceu ali e posso afirmar que é uma amizade que prezo e conservo. Leo, nascido Leovaldo, tem uma alma pura, um coração enorme e de ouro, e, como dizia Luiz Antonio da Fonseca, o Toy, nos nossos tempos de rádio, “o Leo pode estar com um baita problema, mas está sempre com um sorriso estampado no rosto”.
Ao longo do tempo tive esse amigo como companheiro de trabalho em várias situações e órgãos de imprensa. Trabalhamos juntos nos jornais Cidade de Itapira e O Impacto de Mogi Mirim, nas rádios Clube de Itapira e as mogimirianas Cultura, Chamonix e CBN, e vivenciamos muitas experiências.
Fui seu padrinho de casamento com a dona Penha em 86 e me orgulho disso, pois vi aquele amigo construir sua família com muito esforço e amor. Desse casamento nasceram a Júlia e a Isabela e hoje Leo é avô do Miguel.
Mas, por trás daquela alma pura e daquele sorriso constante tem algumas coisas que fazem desse amigo um ser ainda mais especial. Talvez, pela pureza de sua alma, Leo nunca pensou duas vezes para falar ou agir.
Nós, do meio jornalístico, costumamos dizer que falar do Leo daria para escrever um livro, daqueles grossos, tantas são as passagens bizarras proporcionadas por ele.
Uma delas ocorreu no dia 15 de abril de 93. Era meu aniversário e eu chefiava a equipe de esportes da Rádio Cultura de Mogi Mirim, da qual Leo era um dos repórteres de campo.
O Mogi Mirim, de Leto, Válber e Rivaldo, iria enfrentar o Palmeiras no Palestra Itália e lá fomos nós para fazer a cobertura. No volante o Ismael Rodrigues, do seu lado o saudoso Valentim Antonio, grande narrador; no banco de traz, além de mim, o Leo e o saudoso Ademar Hernandes.
Mal a viagem se iniciou e o Leo já fez das suas. Ao ver uma pessoa bêbada no meio do mato, bem no trevo de acesso para Limeira, mandou ver e me disse: “aquele ali era comentarista”, querendo insinuar que eu ficaria daquela maneira no futuro.
Qual foi sua surpresa ao ver, quando o carro se aproximou, que aquela pessoa era seu tio. “Meu tio Dino”, disse, espantado e ao mesmo tempo desconsertado.
A viagem toda, durante a transmissão e no nosso jantar de comemoração em uma cantina do Bexiga, Leo teve que ouvir as brincadeiras sobre seu tio Dino. Claro que tudo de maneira saudável, que Leo absorveu e levou na brincadeira.
Grande fotógrafo e profissional competente, tive o prazer de cobrir, ao seu lado, a segunda edição dos Jogos Regionais na cidade, isso em 91. Trabalhávamos no Cidade de Itapira e o jornal circulava diariamente com todas as informações da competição.
Lembro bem de uma foto feita por ele, com seu faro de fotógrafo. O jogo acontecia no Bento Nunes, no bairro do Cubatão, e reunia Araras e uma outra cidade que não me recordo.
Na lateral-esquerda do time ararense ninguém menos que Roberto Carlos. Não o cantor, claro, mas o dono de um dos chutes mais potentes que o futebol mundial já viu.
Ao cobrar uma falta, que por sinal foi parar nas redes do adversário, Roberto Carlos colocou toda sua força e a foto registrada pela objetiva do Leo Santos mostrou toda essa força traduzida em músculos enrijecidos daquele que mais tarde se transformaria em um dos grandes laterais do futebol mundial.
Leo Santos merece minhas reverências, não apenas como profissional, mas como uma pessoa pura, de alma leve. Um ser humano daqueles que podemos contar nos dedos das mãos.

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