quarta-feira, 6 de março de 2019

Corra que seu carro está pegando fogo


Em 1992, quando o Carrossel Caipira era uma das sensações do futebol paulista e brasileiro, comandado pelo técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, Mogi Mirim respirava futebol. A cidade apoiava o clube que sete anos antes havia subido para a Série A-1 do Paulista e dava trabalho para os grandes, principalmente quando jogava em seu estádio.
Naquela época eu era o chefe de redação do jornal O Impacto, um trissemanário comandado pelo Mauro de Campos Adorno Filho. O repórter esportivo era o Paulo Rogério Tenorio, mas eu também ia aos jogos para a cobertura e, conosco, o repórter fotográfico Emerson Araújo.
Naquela tarde do dia 15 de novembro, um feriado que caiu no domingo, quase 20 mil pessoas lotaram o estádio Wilson Fernandes de Barros para ver o confronto válido pela fase final do Paulista. O Mogi, com uma campanha excelente, havia terminado a fase inicial como primeiro colocado do grupo B e estava entre os oito que foram para a fase mais aguda da competição.
O jogo foi decidido apenas aos 39 minutos do segundo tempo quando Zinho fez o gol palmeirense. Era o começo da era Parmalat e o clube alviverde começava a armar o elenco que no ano seguinte quebraria um jejum de 16 anos sem conquistar o estadual.
Mas, o fato bizarro aconteceu fora das quatro linhas, mais precisamente fora do estádio. Naquele tempo ainda não havia a arquibancada que fica de frente para as cadeiras cativas e apenas um muro alto separava o gramado do estacionamento que ficava no terreno ao lado do estádio.
O espaço era explorado pelo CCI (Centro de Convivência Infantil), uma escola para alunos em idade pré-escolar que fica no Jardim Nazareth. Naquela tarde o local estava abarrotado de veículos, assim como as arquibancadas do estádio.
Das cadeiras, onde eu estava ao lado do Paulo, vi uma fumaça subindo do estacionamento. E, aí veio a nota do dia.
O serviço de alto-falantes do estádio era feito pelo Luiz Almeida, o Luizinho Bananeira, funcionário da Barros Auto Peças, que fazia o serviço a título de colaboração. Gente boa, simples, que vez por outra dava um fora.
Certa vez anunciou que havia sido encontrado um molho de chaves contendo uma chave. Se era apenas uma chave, então não era um molho, nome que se dá para uma porção delas.
Mas, naquele dia ele se superou. Ao ser informado que uma perua Kombi estava em chamas no estacionamento, imediatamente ligou o microfone e disparou: “atenção proprietário da perua Kombi placas..., corra, seu carro está pegando fogo”.
Duro de gente como estava o estádio, seria humanamente impossível o dono da Kombi chegar até o veículo, estacionado lá fora, para tentar alguma coisa. Não lembro se o veículo foi salvo, mas pelo menos o Luizinho Bananeira fez o seu serviço e deu o recado.


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