terça-feira, 5 de março de 2019

Cor da pele não é referência


Nunca tive preconceito algum, principalmente em relação à cor da pele das pessoas. Tive e tenho muitos amigos afrodescendentes que valem muito mais que muitos brancos que se julgam superiores.
Na minha infância um dos meus grandes amigos e que conservo até hoje foi Vicente Gomes. De família pobre, Vicente morava na Ladeira São João, na casa humilde que ficava depois da residência do Santos Giovelli.
Morava com os avós Zulmira e Calixto e era dono de uma categoria inigualável no trato com a bola. Normalmente, apesar de ser mais velho, era o meia-armador do nosso time o Paulistinha.
Vicente era muito querido por todos na rua de casa. Já adolescente, seu primeiro emprego foi na Fábrica de Móveis Santa Terezinha, da qual meu pai era um dos sócios.
Lembro que, por fazer aniversário junto com minha irmã Claudia, no início de agosto, certa vez, em uma festa de aniversário dela, minha mãe convidou ele para que assim pudesse comemorar seu aniversário também.
Quando se casou meus pais foram seus padrinhos. E até hoje, quando vez por outra encontro com ele, sempre relembramos aqueles bons momentos da infância e adolescência.
Sempre tive bons amigos da raça afrodescendente. Todos queridos e parceiros em muitas oportunidades.
Nos tempos de Centrão um dos amigos sempre presente era o Luís Sérgio Rosa, o Rosinha, que por muito tempo foi guarda na Caixa Federal. Todos os domingos ele e o Paulo Sérgio da Rocha, o Rochinha, eram meus companheiros de discoteca.
Hoje, nesse mundo globalizado, mas tão vilipendiado pela mentalidade humana, que a cada avanço na tecnologia sofre regressão na capacidade de raciocinar e avaliar as verdadeiras relações entre os seres humanos. Cada vez menos a maioria das pessoas se vê diante de facilidades oferecidas pela tecnologia e perde a noção do quanto é importante o relacionamento, a convivência, o respeito e a valorização do semelhante.
Se cor da pele for motivo para diferenciação entre povos, então creio que o ser humano regride a cada instante. Cor da pele não significa status, inteligência, posse ou poder, mas significa apenas a miscigenação de raças.
Ser negro, branco, amarelo ou mulato é apenas um pequeno detalhe que não esconde o valor da pessoa. Julgar alguém tendo a cor da pele como referência é ter a mentalidade tacanha, retrógrada e merecedora de desprezo.

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